No MSN...
E aí, animada pro Natal?
Uhulll! Velhos com sacos vermelhos me deixam extremamente animada! hahah
Eu não curto muito os velhos com sacos vermelhos...
Ah é? Que cor de saco você prefere?
Na verdade, tenho medo de virar um deles!
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Espírito (nada) Natalino
Sinos tocando, crianças cantando, decoração vermelha, luzes piscando. Um mundo cheio de paz. Este não é o Natal que vejo com meus olhos.
Vejo crianças chorando, pedindo brinquedos, sendo irritantes. Luzes de muito mau gosto penduradas em casas e vitrines, piscando descompassadamente. Um velho gordo e suado numa roupa feita para a neve dá balas para as crianças, que acreditam mesmo que um ser de roupa vermelha pode atender seus pedidos.
Não é mau humor, nem qualquer tipo de trauma relacionado ao Natal. Mas acho que as luzes são bregas e ponto final.
Para complementar meu espírito super-mega-ultra-natalino, Papai Noel me cantou. E, destaco, não foi Ho Ho Ho...
Eu estava passando por uma loja que fez uma espécie de corredor decorado para o (suposto) Bom Velhinho. Eu ia para o trabalho, era final da tarde. Estava chovendo e fazia um frio de inverno em pleno dezembro. A rua estava vazia e os vendedores lamentando o tal horário de Natal, pois não se via um cliente nas lojas abertas até tarde.
O local estava bonito, bem ornamentado da outra vez que passei. Então, olhei para ver como estaria naquele dia. Então, o gordo solitário no balanço olha para mim e diz: “Venha aqui, venha”. Eu me certifiquei de que não havia nenhuma criança em volta e que eu não estaria cometendo uma injustiça. Realmente, eu sou uma pessoa justa e não havia sinal de criança perto de mim. Papai Noel estava me cantando. “É o fim!”, pensei eu, fazendo aquela cara de quem ouviu um absurdo. Estava tão atrasada, mas ainda assim não me perdoo. Eu deveria ter parado e chutado o saco – não o de brinquedos – daquele velho tarado.
Vejo crianças chorando, pedindo brinquedos, sendo irritantes. Luzes de muito mau gosto penduradas em casas e vitrines, piscando descompassadamente. Um velho gordo e suado numa roupa feita para a neve dá balas para as crianças, que acreditam mesmo que um ser de roupa vermelha pode atender seus pedidos.
Não é mau humor, nem qualquer tipo de trauma relacionado ao Natal. Mas acho que as luzes são bregas e ponto final.
Para complementar meu espírito super-mega-ultra-natalino, Papai Noel me cantou. E, destaco, não foi Ho Ho Ho...
Eu estava passando por uma loja que fez uma espécie de corredor decorado para o (suposto) Bom Velhinho. Eu ia para o trabalho, era final da tarde. Estava chovendo e fazia um frio de inverno em pleno dezembro. A rua estava vazia e os vendedores lamentando o tal horário de Natal, pois não se via um cliente nas lojas abertas até tarde.
O local estava bonito, bem ornamentado da outra vez que passei. Então, olhei para ver como estaria naquele dia. Então, o gordo solitário no balanço olha para mim e diz: “Venha aqui, venha”. Eu me certifiquei de que não havia nenhuma criança em volta e que eu não estaria cometendo uma injustiça. Realmente, eu sou uma pessoa justa e não havia sinal de criança perto de mim. Papai Noel estava me cantando. “É o fim!”, pensei eu, fazendo aquela cara de quem ouviu um absurdo. Estava tão atrasada, mas ainda assim não me perdoo. Eu deveria ter parado e chutado o saco – não o de brinquedos – daquele velho tarado.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Hey, Santo Antonio, estou falando com você!
Pedi a Santo Antonio um grande amor, mas ele deve estar mesmo atribulado.
Não sei se é porque está de ponta-cabeça e amarrado,
Mas ouve as orações com pressa e entende tudo errado.
Ou será que de santo não tem nada?
Deu-me amor inesgotável, que nem cabe em meu coração.
Só esqueceu, este santo atrapalhado, de me mandar o homem a ser amado.
Não sei se é porque está de ponta-cabeça e amarrado,
Mas ouve as orações com pressa e entende tudo errado.
Ou será que de santo não tem nada?
Deu-me amor inesgotável, que nem cabe em meu coração.
Só esqueceu, este santo atrapalhado, de me mandar o homem a ser amado.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Uma perereca sobrando...
Acordei cedo e fui escovar os dentes. Tudo calmamente até eu perceber que havia uma perereca no banheiro e (Barbaridade!) não era a minha! Não se faz isso com uma mulher numa segunda-feira de manhã. I freaked out. Não há palavras em português para descrever. Para quem gritar às 6h da manhã?
Só sei dizer que meu mundo hoje está um tanto lésbico, pois vejo pererecas em todo lugar. Qualquer mancha no chão vira uma criatura assustadora.
Eu gritei, tremi e só não chorei para não perder o controle. Perdi a voz. Fiquei sem saber o que fazer. Então lembrei de outra vez que uma apareceu por aqui e meu pai (Graças a Deus!) estava por perto. Tentou pegá-la com as mãos e não conseguiu. Então, calmamente achou um vidro velho de maionese, colocou em cima dela, passou um papel por baixo e levou a bichinha para longe.
A possibilidade de pegá-la com as mãos nem passou pela minha mente. Arrepio só de pensar nisso. Então encontrei o potinho transparente que guardava o sabão na pia da cozinha. Se minha vida fosse um filme, seria uma daquelas cenas de chorar de rir, de comentar mais tarde com os amigos.
Eu tentava colocar o pote em cima dela, mas é lógico que ela não se rendia. Ela pulava, eu pulava e gritava. Uma hora quase encostou em mim, já pensou? Eu morreria ali mesmo! A gosma verde pulava desesperada e eu mais desesperada ainda. Achei que meu coração ia sair saltitando junto com ela. Quando vi que o pote não estava dando certo, tentei jogar um tapete na bichinha. Mas é lógico que a mira não ajuda quando estamos tremendo.
Até que enfim consegui prender a feiosa debaixo do pote. Então peguei o rodo e com toda a minha força, como se fosse pererecamente possível ela levantar o pote, fui empurrando a sem vergonha porta afora. Faltando uns dois metros para terminar o percurso, a preguiçosa cansou. Acho que machuquei a sua perna, deve ter ficado manca, pois parou de pular.
A gosmentinha deixou o chão úmido por onde passou e meu estômago embrulhado pelo resto do dia. Peguei um pano velho, muito desinfetante e fui refazendo nossa rota. Depois exorcizei o pote e o pano, coloquei numa sacola e joguei fora. Agora há pouco uma mosca apareceu de repente ao meu lado. Me assustei como se fosse um dragão.
Aquela perereca é abusada. Imagine o trabalho que teve para subir a parede e entrar pela janela? Acho que essa não volta mais, estamos as duas muito assustadas. Mas, ainda assim, mudei meus conceitos, descobri que preciso casar. É indispensável ter um caçador de pererecas em casa na segunda-feira cedo. Talvez eu precise passar por um tratamento pós-traumático. Talvez alguém me peça em casamento e eu aceite. Ele vai pensar que é por causa dos seus dotes, que recebem outro nome do mundo animal, mas nós saberemos que o problema mesmo é a perereca.
Só sei dizer que meu mundo hoje está um tanto lésbico, pois vejo pererecas em todo lugar. Qualquer mancha no chão vira uma criatura assustadora.
Eu gritei, tremi e só não chorei para não perder o controle. Perdi a voz. Fiquei sem saber o que fazer. Então lembrei de outra vez que uma apareceu por aqui e meu pai (Graças a Deus!) estava por perto. Tentou pegá-la com as mãos e não conseguiu. Então, calmamente achou um vidro velho de maionese, colocou em cima dela, passou um papel por baixo e levou a bichinha para longe.
A possibilidade de pegá-la com as mãos nem passou pela minha mente. Arrepio só de pensar nisso. Então encontrei o potinho transparente que guardava o sabão na pia da cozinha. Se minha vida fosse um filme, seria uma daquelas cenas de chorar de rir, de comentar mais tarde com os amigos.
Eu tentava colocar o pote em cima dela, mas é lógico que ela não se rendia. Ela pulava, eu pulava e gritava. Uma hora quase encostou em mim, já pensou? Eu morreria ali mesmo! A gosma verde pulava desesperada e eu mais desesperada ainda. Achei que meu coração ia sair saltitando junto com ela. Quando vi que o pote não estava dando certo, tentei jogar um tapete na bichinha. Mas é lógico que a mira não ajuda quando estamos tremendo.
Até que enfim consegui prender a feiosa debaixo do pote. Então peguei o rodo e com toda a minha força, como se fosse pererecamente possível ela levantar o pote, fui empurrando a sem vergonha porta afora. Faltando uns dois metros para terminar o percurso, a preguiçosa cansou. Acho que machuquei a sua perna, deve ter ficado manca, pois parou de pular.
A gosmentinha deixou o chão úmido por onde passou e meu estômago embrulhado pelo resto do dia. Peguei um pano velho, muito desinfetante e fui refazendo nossa rota. Depois exorcizei o pote e o pano, coloquei numa sacola e joguei fora. Agora há pouco uma mosca apareceu de repente ao meu lado. Me assustei como se fosse um dragão.
Aquela perereca é abusada. Imagine o trabalho que teve para subir a parede e entrar pela janela? Acho que essa não volta mais, estamos as duas muito assustadas. Mas, ainda assim, mudei meus conceitos, descobri que preciso casar. É indispensável ter um caçador de pererecas em casa na segunda-feira cedo. Talvez eu precise passar por um tratamento pós-traumático. Talvez alguém me peça em casamento e eu aceite. Ele vai pensar que é por causa dos seus dotes, que recebem outro nome do mundo animal, mas nós saberemos que o problema mesmo é a perereca.
domingo, 17 de outubro de 2010
Testamento - meus últimos desejos
Eu, Carolina Filipaki, me encontrando no meu perfeito juízo e entendimento (há quem discorde), coagida pela Damaris que me citou em seu testamento virtual e por isso tive que fazer o meu, testemunho minha última vontade, pedindo à Justiça de meu país que o faça cumprir.
Espero que quando eu morra, o bem mais valioso que eu deixe na terra seja a saudade.
Para a Damaris deixo os meus diários. Eu nunca imaginei alguém os lendo. Mas ela entende tanto os meus textos que poderia compartilhar com ela meus amores não vividos, as lágrimas que chorei e poesias que arrisquei. Veja bem o que fará com eles! Deixo também a ela as cartas que recebi ao longo da vida e ainda tenho guardadas. Não trazem notícias extraordinárias, nem mesmo declarações de amor, mas fazem parte do meu tesouro sem valor.
Para as meninas da Eli deixo minhas bonecas e ursos. Só a Talassa e a Lilith não dou a ninguém. Ficarão para sempre enfeitando a minha cama. A boneca pequenininha com o rosto cor-de-rosa de tanta maquiagem gostaria de dar à madrinha, pois foi ela quem me deu num Natal chuvoso, quando ainda morávamos na mesma rua.
Para o meu afilhado deixo minha bike. É cor-de-rosa, eu sei. Mas basta pintar. Eu a adoro e sei que poderá se divertir com ela.
O laptop fica com meu pai. Meus perfumes com a mãe. Os sapatos vão para quem precisar. As roupas também. Aproveito para lembrar que quero ser enterrada de pijama, de meia e descalça. Se possível, coberta com a minha mantinha vermelha. Não há no mundo roupa que eu mais goste.
Os dólares e dinheiro da Tailândia e Itália que estão na minha carteira também ficam com o pai. Só não garanto que lhe tragam sorte, pois às vezes eles são tudo o que tenho na minha carteira.
Os meus sonhos deixo a quem puder realizá-los. Entre outros, gostaria de conhecer a Austrália, morar um tempo na Europa e saltar de paraquedas.
Os meus livros deixo para quem quiser ler, só peço que os tratem bem. ‘A vida sexual da mulher feia’ eu gostaria que fosse queimado. Não tenho coragem para fazê-lo, mas ele é muito ruim, não merece ser lido. Se puder levar um livro comigo gostaria que fosse ‘A vida que ninguém vê’, pois a autora é a jornalista que eu sempre sonhei em ser.
Meus brincos, colares e bijus ficam com a Andressa. Dos que ela não gostar, ela que se vire em se livrar. Ela também deve escolher para quem dar meus cachecóis e lenços. A bolsa de elefantinho deve ficar com com ela e pode até escolher mais alguma que goste.
Meu amor-amizade deixo a muitas pessoas. À Mari, a primeira amiga da qual eu tenho recordação. Pam, Jana, Dani Dalcomune, Damaris, Michele Mitsue, Ligia, Simon Lee, Maria Raquelly, Nilce, Tati, Diangela, Osman, Diego, Elediane, Leandrinho, Fábio... A lista é imensa e o sentimento é infinito por cada um que faz parte dela.
Para E. deixo o meu amor-intelectual. É com ele que gosto de conversar. Talvez deixe também alguns livros. Para C. deixo o meu amor-desejo, que me arrepia só de pensar. Para A., deixo um amor-olho-no-olho, como aquele da fotografia, que eu desejava que fosse mais duradouro.
Já que publiquei meu testamento antes da morte, faço um pedido a Deus. Se o Senhor lê mesmo pensamentos sabe que ando pensando muito, inclusive sobre Você. E sei que a maior parte destes pensamentos não deve agradá-lo. Sei que dos 10 mandamentos, só não mato nem roubo, porém, vou me arriscar num último pedido. Não me deixe morrer sem viver um grande amor. Mas eu não quero um amor unilateral, como estes que citei aí em cima. Quero ser amada. Quero alguém que pense em mim. Alguém que queira me agradar. Alguém que me faça surpresas e desperte em mim a mesma vontade. Um amor que seja aqueles três em um só.
Os outros bens - com tão pouco valor financeiro quanto os já citados - podem ser divididos entre aqueles que se interessarem. Se você admira algo que eu tenho, aproveite o momento e peça, afinal, enquanto eu viver, ainda há tempo para um adendo ao testamento.
*********************
PS: Os citados no testamento devem escrever também o seu. Não me matem por isso, quem criou a regra foi a Damasius!
Espero que quando eu morra, o bem mais valioso que eu deixe na terra seja a saudade.
Para a Damaris deixo os meus diários. Eu nunca imaginei alguém os lendo. Mas ela entende tanto os meus textos que poderia compartilhar com ela meus amores não vividos, as lágrimas que chorei e poesias que arrisquei. Veja bem o que fará com eles! Deixo também a ela as cartas que recebi ao longo da vida e ainda tenho guardadas. Não trazem notícias extraordinárias, nem mesmo declarações de amor, mas fazem parte do meu tesouro sem valor.
Para as meninas da Eli deixo minhas bonecas e ursos. Só a Talassa e a Lilith não dou a ninguém. Ficarão para sempre enfeitando a minha cama. A boneca pequenininha com o rosto cor-de-rosa de tanta maquiagem gostaria de dar à madrinha, pois foi ela quem me deu num Natal chuvoso, quando ainda morávamos na mesma rua.
Para o meu afilhado deixo minha bike. É cor-de-rosa, eu sei. Mas basta pintar. Eu a adoro e sei que poderá se divertir com ela.
O laptop fica com meu pai. Meus perfumes com a mãe. Os sapatos vão para quem precisar. As roupas também. Aproveito para lembrar que quero ser enterrada de pijama, de meia e descalça. Se possível, coberta com a minha mantinha vermelha. Não há no mundo roupa que eu mais goste.
Os dólares e dinheiro da Tailândia e Itália que estão na minha carteira também ficam com o pai. Só não garanto que lhe tragam sorte, pois às vezes eles são tudo o que tenho na minha carteira.
Os meus sonhos deixo a quem puder realizá-los. Entre outros, gostaria de conhecer a Austrália, morar um tempo na Europa e saltar de paraquedas.
Os meus livros deixo para quem quiser ler, só peço que os tratem bem. ‘A vida sexual da mulher feia’ eu gostaria que fosse queimado. Não tenho coragem para fazê-lo, mas ele é muito ruim, não merece ser lido. Se puder levar um livro comigo gostaria que fosse ‘A vida que ninguém vê’, pois a autora é a jornalista que eu sempre sonhei em ser.
Meus brincos, colares e bijus ficam com a Andressa. Dos que ela não gostar, ela que se vire em se livrar. Ela também deve escolher para quem dar meus cachecóis e lenços. A bolsa de elefantinho deve ficar com com ela e pode até escolher mais alguma que goste.
Meu amor-amizade deixo a muitas pessoas. À Mari, a primeira amiga da qual eu tenho recordação. Pam, Jana, Dani Dalcomune, Damaris, Michele Mitsue, Ligia, Simon Lee, Maria Raquelly, Nilce, Tati, Diangela, Osman, Diego, Elediane, Leandrinho, Fábio... A lista é imensa e o sentimento é infinito por cada um que faz parte dela.
Para E. deixo o meu amor-intelectual. É com ele que gosto de conversar. Talvez deixe também alguns livros. Para C. deixo o meu amor-desejo, que me arrepia só de pensar. Para A., deixo um amor-olho-no-olho, como aquele da fotografia, que eu desejava que fosse mais duradouro.
Já que publiquei meu testamento antes da morte, faço um pedido a Deus. Se o Senhor lê mesmo pensamentos sabe que ando pensando muito, inclusive sobre Você. E sei que a maior parte destes pensamentos não deve agradá-lo. Sei que dos 10 mandamentos, só não mato nem roubo, porém, vou me arriscar num último pedido. Não me deixe morrer sem viver um grande amor. Mas eu não quero um amor unilateral, como estes que citei aí em cima. Quero ser amada. Quero alguém que pense em mim. Alguém que queira me agradar. Alguém que me faça surpresas e desperte em mim a mesma vontade. Um amor que seja aqueles três em um só.
Os outros bens - com tão pouco valor financeiro quanto os já citados - podem ser divididos entre aqueles que se interessarem. Se você admira algo que eu tenho, aproveite o momento e peça, afinal, enquanto eu viver, ainda há tempo para um adendo ao testamento.
*********************
PS: Os citados no testamento devem escrever também o seu. Não me matem por isso, quem criou a regra foi a Damasius!
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Dedique uma canção a quem você ama
A Rádio Atividade leva até vocês
Mais um programa da série
"Dedique uma canção a quem você ama"
“Eu insisto em cantar diferente do que ouvi”.
Essa frase é do Oswaldo Montenegro, mas poderia ser da minha mãe, ou ao menos inspirada nela.
Ela adora cantar. Quando o karaokê foi instalado em casa, eu ligava e a ‘véia’ estava rouca de tanto espantar os males. O melhor de tudo é que ela erra mesmo lendo!
Um dia ela estava lavando a louça e cantando uma música do Felipe Dylon (a qual eu me recuso a comentar). A letra originalmente dizia: “O menina deixa disso quero te conhecer, vê se me dá uma chance, to a fim de você”. Então, minha irmã me chama para ouvir a letra que a mãe inventou e cantava a plenos pulmões: “O menina do subúrbio quero te convencer...”.
Num stand up, Danilo Gentili contou que a mãe dele também é assim. Um dia chegou em casa e ela estava cantando uma versão não aprovada pelo clero para a música do padre Marcelo. “Erguei as mãos e dá o fora Deus...”, cantava a mãe dele.
Uma amiga conta a história da vizinha que tinha o português invejável e um gosto musical peculiar, a qual cantava, ‘A lenda dessa paixão’, de Sandy e Junior. Ela dizia: “Se alembra dessa paixão?”.
******
Quando vi o tema da postagem coletiva não pude deixar de contar essa história. Pena que fui enviar às 23h47, mas a postagem já estava encerrada... Enfim, fica o relato!
Mais um programa da série
"Dedique uma canção a quem você ama"
“Eu insisto em cantar diferente do que ouvi”.
Essa frase é do Oswaldo Montenegro, mas poderia ser da minha mãe, ou ao menos inspirada nela.
Ela adora cantar. Quando o karaokê foi instalado em casa, eu ligava e a ‘véia’ estava rouca de tanto espantar os males. O melhor de tudo é que ela erra mesmo lendo!
Um dia ela estava lavando a louça e cantando uma música do Felipe Dylon (a qual eu me recuso a comentar). A letra originalmente dizia: “O menina deixa disso quero te conhecer, vê se me dá uma chance, to a fim de você”. Então, minha irmã me chama para ouvir a letra que a mãe inventou e cantava a plenos pulmões: “O menina do subúrbio quero te convencer...”.
Num stand up, Danilo Gentili contou que a mãe dele também é assim. Um dia chegou em casa e ela estava cantando uma versão não aprovada pelo clero para a música do padre Marcelo. “Erguei as mãos e dá o fora Deus...”, cantava a mãe dele.
Uma amiga conta a história da vizinha que tinha o português invejável e um gosto musical peculiar, a qual cantava, ‘A lenda dessa paixão’, de Sandy e Junior. Ela dizia: “Se alembra dessa paixão?”.
******
Quando vi o tema da postagem coletiva não pude deixar de contar essa história. Pena que fui enviar às 23h47, mas a postagem já estava encerrada... Enfim, fica o relato!
domingo, 26 de setembro de 2010
Se eu soubesse...
Outro dia me acidentei de carro. Não me machuquei, nem minha irmã. Pela inconsequência de um idiota que ultrapassava numa curva, passei um susto enorme quando o bolo do meu aniversário, que tinha sido na véspera, ainda estava na geladeira. Deus deve ter achado esquisito nos matar assim, depois do parabéns.
Eram 11h da manhã. Uma manhã bonita, ensolarada, tranquila. Pista simples, sem acostamento... Quando lembro, imagino uma criança brincando de carrinho, desviando um do outro por milímetros. Lembro de passar retrovisor com retrovisor, depois de quase entrar embaixo do caminhão, descer o barranco e não acreditar que havia conseguido.
Tremi e chorei descontroladamente ao ver que minha irmã estava inteira e que nada de grave havia acontecido. O carro que provocou o acidente não parou. Seguiu fazendo cagada com medo de ter a placa anotada.
Depois do acidente vêm a série de pensamentos que começam com “E se...? ”
E se eu tivesse morrido? Eu morreria insatisfeita por não ter dito a um amigo que o que eu sinto é muito mais que amizade. Morreria com a sensação de que não fiz tudo no trabalho, com a minha família, com meus amigos.
E se minha irmã tivesse morrido? Nem consigo imaginar. Apesar de não ter sido minha a falta, me sentiria culpada para sempre.
E se nós duas tivéssemos morrido? Meus pais continuariam vivendo?
E se em vez de cair naquele lugar eu tivesse caído dois metros à frente, onde o barranco virava um buraco? O carro teria capotado? O cinto teria adiantado?
E se houvesse uma árvore na minha frente?
E se eu não tivesse conseguido desviar?
E se mais um carro estivesse atrás de mim?
Tantos “e se...” que só posso mesmo é comemorar porque nenhum deles aconteceu. Todas essas possibilidades me fazem perceber que a vida é uma só, que seriam muitas as dimensões necessárias para que seguíssemos todas as conseqüências de um ato.
Se eu soubesse que ia morrer hoje, ligaria para dizer o que sinto, perdoaria meus próprios erros.
Se eu soubesse que ia morrer hoje, sairia com os amigos, comeria sem remorso as coisas que mais gosto.
Se eu soubesse que ia morrer hoje, deixaria o trabalho sem fazer, a louça por lavar.
Se eu soubesse que ia morrer hoje, chamaria alguém para dançar.
Se eu soubesse que ia morrer hoje, usaria minha roupa mais bonita.
Pensei em tudo o que gostaria de fazer se eu soubesse que ia morrer hoje. Mas a gente sempre acha que ainda há tempo e adiamos encontros, decisões, confissões.
Tenho medo de não conseguir cumprir minhas metas antes de morrer. O que mais me assusta é que todos lamentariam, mas a vida segue. A vida segue e não seguiria, pois essa é a regra. Todos voltariam ao trabalho e talvez até rezassem por mim.
Mas a coragem de fazer o que eu faria se soubesse que ia morrer passou tão rápido.
Por isso estou em casa ouvindo a chuva. Por isso, não chamei ninguém para dançar. Por isso dispenso a sobremesa. Por isso lavarei a louça. Por isso adiarei um pouco mais tudo aquilo que eu não deveria deixar de fazer hoje.
Mas, confesso, adio com a consciência pesada, afinal, já disse o poeta, é preciso amar como se não houvesse amanhã, porque se você parar para pensar, na verdade não há...
Eram 11h da manhã. Uma manhã bonita, ensolarada, tranquila. Pista simples, sem acostamento... Quando lembro, imagino uma criança brincando de carrinho, desviando um do outro por milímetros. Lembro de passar retrovisor com retrovisor, depois de quase entrar embaixo do caminhão, descer o barranco e não acreditar que havia conseguido.
Tremi e chorei descontroladamente ao ver que minha irmã estava inteira e que nada de grave havia acontecido. O carro que provocou o acidente não parou. Seguiu fazendo cagada com medo de ter a placa anotada.
Depois do acidente vêm a série de pensamentos que começam com “E se...? ”
E se eu tivesse morrido? Eu morreria insatisfeita por não ter dito a um amigo que o que eu sinto é muito mais que amizade. Morreria com a sensação de que não fiz tudo no trabalho, com a minha família, com meus amigos.
E se minha irmã tivesse morrido? Nem consigo imaginar. Apesar de não ter sido minha a falta, me sentiria culpada para sempre.
E se nós duas tivéssemos morrido? Meus pais continuariam vivendo?
E se em vez de cair naquele lugar eu tivesse caído dois metros à frente, onde o barranco virava um buraco? O carro teria capotado? O cinto teria adiantado?
E se houvesse uma árvore na minha frente?
E se eu não tivesse conseguido desviar?
E se mais um carro estivesse atrás de mim?
Tantos “e se...” que só posso mesmo é comemorar porque nenhum deles aconteceu. Todas essas possibilidades me fazem perceber que a vida é uma só, que seriam muitas as dimensões necessárias para que seguíssemos todas as conseqüências de um ato.
Se eu soubesse que ia morrer hoje, ligaria para dizer o que sinto, perdoaria meus próprios erros.
Se eu soubesse que ia morrer hoje, sairia com os amigos, comeria sem remorso as coisas que mais gosto.
Se eu soubesse que ia morrer hoje, deixaria o trabalho sem fazer, a louça por lavar.
Se eu soubesse que ia morrer hoje, chamaria alguém para dançar.
Se eu soubesse que ia morrer hoje, usaria minha roupa mais bonita.
Pensei em tudo o que gostaria de fazer se eu soubesse que ia morrer hoje. Mas a gente sempre acha que ainda há tempo e adiamos encontros, decisões, confissões.
Tenho medo de não conseguir cumprir minhas metas antes de morrer. O que mais me assusta é que todos lamentariam, mas a vida segue. A vida segue e não seguiria, pois essa é a regra. Todos voltariam ao trabalho e talvez até rezassem por mim.
Mas a coragem de fazer o que eu faria se soubesse que ia morrer passou tão rápido.
Por isso estou em casa ouvindo a chuva. Por isso, não chamei ninguém para dançar. Por isso dispenso a sobremesa. Por isso lavarei a louça. Por isso adiarei um pouco mais tudo aquilo que eu não deveria deixar de fazer hoje.
Mas, confesso, adio com a consciência pesada, afinal, já disse o poeta, é preciso amar como se não houvesse amanhã, porque se você parar para pensar, na verdade não há...
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
À merda
No msn...
Você que tem um coração sensível vai me ouvir... Mandei à merda um cara que só me fazia mal... Hehe... Precisava compartilhar isso com alguém!
Coitada da merda, então!
A merda finalmente encontrou um verme! rs
Nossa, essa foi venenosa!
Kkkk
Fez bem
E num faça mais merda com a merda.
Estou umas vinte toneladas mais leve agora
Talvez ela num mereça a merda extra que mandou a ela...
Ahhh.... Homens! Sempre defendendo uns aos outros!rs
Não! Eu estava defendendo a merda merda mesmo... kkkkk
Você que tem um coração sensível vai me ouvir... Mandei à merda um cara que só me fazia mal... Hehe... Precisava compartilhar isso com alguém!
Coitada da merda, então!
A merda finalmente encontrou um verme! rs
Nossa, essa foi venenosa!
Kkkk
Fez bem
E num faça mais merda com a merda.
Estou umas vinte toneladas mais leve agora
Talvez ela num mereça a merda extra que mandou a ela...
Ahhh.... Homens! Sempre defendendo uns aos outros!rs
Não! Eu estava defendendo a merda merda mesmo... kkkkk
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
E se um olhar lhe bastasse?
Na embriaguez de andarmos juntos, no toque casual que seca a boca de admiração...Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença... (Clarice Lispector)
Além de roubar Clarice, desta vez assaltei Manoel Bandeira e Fernando Pessoa. Faço minhas as palavras deles, apesar da arrogância que isso possa aparentar. Mas é como diz o velho ditado, a quem mais amamos, menos sabemos falar, então, roubo palavras alheias, rimas de amor feitas para outrem. Mas, afinal,só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor são ridículas.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Mas é o teu espírito sutil
(Manoel Bandeira)
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ele,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ele adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que o estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar..
(Fernando Pessoa)
Além de roubar Clarice, desta vez assaltei Manoel Bandeira e Fernando Pessoa. Faço minhas as palavras deles, apesar da arrogância que isso possa aparentar. Mas é como diz o velho ditado, a quem mais amamos, menos sabemos falar, então, roubo palavras alheias, rimas de amor feitas para outrem. Mas, afinal,só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor são ridículas.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Mas é o teu espírito sutil
(Manoel Bandeira)
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ele,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ele adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que o estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar..
(Fernando Pessoa)
domingo, 12 de setembro de 2010
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Na terra de Oz
Como todos sabem, Dorothy acordou e voltou para casa, afinal “There is no place like home”. Contudo, há alguns dias a garota resolveu enviar ao grande Feiticeiro uma carta que chegou às minhas mãos. Fiquei tão comovida com a situação que resolvi compartilhar. Assino embaixo e peço ao grande Feiticeiro que atenda ao pedido de Dorothy.
“Prezado, soberano e grande amigo Oz,
Estou organizando uma viagem com o intuito de voltar à Cidade das Esmeraldas e trilhar mais uma vez a estrada de tijolos amarelos para te encontrar.
Da primeira vez, o senhor deve ser lembrar, encontrei grandes amigos: o Leão Covarde, o Homem de Lata e o Espantalho. Apesar dos nossos defeitos e medos, conseguimos cumprir a jornada.
Lembro-me tão bem de quando o Espantalho, ao levar o primeiro tombo do dia, depois de tropeçar numa pedra, foi questionado pelo Homem de Lata:
- Por que não pulou a pedra?
- Não tenho cérebro. No lugar dele, apenas palhas. Por isso não raciocino direito. Espero ganhar um cérebro do Grande Oz.
Fiquei muito triste pelo Espantalho e mais ainda com o que nos contou o Homem de Lata logo em seguida.
- Para mim, cérebro tem pouca importância - disse ele.
- Ah! Isso é porque deve ter um bom cérebro – apressou-se o Espantalho.
- Não. Minha cabeça é completamente oca. Mas já tive cérebro e coração. E, por ter experimentado os dois, prefiro mil vezes o coração.
Então ele contou a história de amor que viveu no passado e que, por ser então um homem de lata, não poderia nem mais chorar o seu fim. Tudo começou quando a moça que ele amava contou à velha bruxa, sua patroa, que iria se casar. Raivosa, a bruxa tirou do jovem apaixonado uma das pernas. Desesperado, ele foi ao funileiro que lhe fez uma perna de lata tão boa quanto a natural. Inconformada, a bruxa ordenou ao machado mágico que o retalhasse pouco a pouco, até que ele foi inteiramente refeito em lata.
- Pela quarta vez o bom funileiro me reconstituiu todo em lata. Mas, para a minha tristeza, não fez coração! Sem coração, perdi todo o amor pela moça. Então, desmanchei o noivado - narrou.
Eu fiquei admirada e percebi que o Homem de Lata havia perdido uma das coisas mais importantes da vida, o amor.
- Você tem razão. Por outro lado, passei a sentir orgulho do meu novo corpo, resistente ao golpe de machado e brilhante em dias de sol. Hoje, só temo a ferrugem. Por isso, ando sempre com a lata de óleo para lubrificar minhas juntas - respondeu-me.
- Por que quer um coração? - perguntei.
- Ora! Pretendo me apaixonar de novo - disse o Homem de Lata.
O Leão Covarde, pobrezinho, venceu um monstro adormecido. Os animais da floresta não perceberam que o grande inimigo estava em sono profundo e elegeram o Leão como rei da floresta, quando, na realidade, ele temia até a si mesmo.
Todos, querido Oz, vivem felizes. Ficaram satisfeitos com os presentes que você lhes deu. O Espantalho virou intelectual. Na última vez que soube dele, era professor convidado em Harward, ilustre nos assuntos mais importantes da humanidade. O Homem de Lata casou-se com a jovem que por muito tempo sofreu sem o seu amor. Semana passada ele enviou-me foto do terceiro filho que nasceu há alguns dias. Eu voltei à minha casa e por um longo tempo fiquei muito feliz com o retorno.
Mas eu cresci, estudei. Hoje trabalho, tenho amigos, mas um problema muito maior do que estar longe de casa. Conheci novas pessoas, novos amigos, tive amores. Mas sabe o que descobri? Hoje em dia, os homens não são como os amigos que encontrei em Oz, eles são completos: São Homem de Lata, Espantalho e Leão Covarde, todos ao mesmo tempo, todos na mesma pessoa.
Feiticeiro, meu grande amigo, consegue ver meu problema? Eles não tem coração, não raciocinam e são medrosos. Eles não amam, não pensam duas vezes ao fazer alguém sofrer e quando amam são covardes demais para admitir.
Eu, que sou feita de carne, que tenho coração, sentimentos e coragem para admiti-los, que não tenho medo de chorar para não enferrujar, ando cabisbaixa, sofrendo como nunca imaginou quem ouviu a minha história de grandes aventuras pelo caminho dos ladrilhos amarelos.
Espero que compreenda o tamanho de meu problema e possa ajudar-me. Aguardo ansiosa o seu contato para marcarmos a data da viagem.
Com estima, faço votos de vê-lo em breve,
Dorothy”
“Prezado, soberano e grande amigo Oz,
Estou organizando uma viagem com o intuito de voltar à Cidade das Esmeraldas e trilhar mais uma vez a estrada de tijolos amarelos para te encontrar.
Da primeira vez, o senhor deve ser lembrar, encontrei grandes amigos: o Leão Covarde, o Homem de Lata e o Espantalho. Apesar dos nossos defeitos e medos, conseguimos cumprir a jornada.
Lembro-me tão bem de quando o Espantalho, ao levar o primeiro tombo do dia, depois de tropeçar numa pedra, foi questionado pelo Homem de Lata:
- Por que não pulou a pedra?
- Não tenho cérebro. No lugar dele, apenas palhas. Por isso não raciocino direito. Espero ganhar um cérebro do Grande Oz.
Fiquei muito triste pelo Espantalho e mais ainda com o que nos contou o Homem de Lata logo em seguida.
- Para mim, cérebro tem pouca importância - disse ele.
- Ah! Isso é porque deve ter um bom cérebro – apressou-se o Espantalho.
- Não. Minha cabeça é completamente oca. Mas já tive cérebro e coração. E, por ter experimentado os dois, prefiro mil vezes o coração.
Então ele contou a história de amor que viveu no passado e que, por ser então um homem de lata, não poderia nem mais chorar o seu fim. Tudo começou quando a moça que ele amava contou à velha bruxa, sua patroa, que iria se casar. Raivosa, a bruxa tirou do jovem apaixonado uma das pernas. Desesperado, ele foi ao funileiro que lhe fez uma perna de lata tão boa quanto a natural. Inconformada, a bruxa ordenou ao machado mágico que o retalhasse pouco a pouco, até que ele foi inteiramente refeito em lata.
- Pela quarta vez o bom funileiro me reconstituiu todo em lata. Mas, para a minha tristeza, não fez coração! Sem coração, perdi todo o amor pela moça. Então, desmanchei o noivado - narrou.
Eu fiquei admirada e percebi que o Homem de Lata havia perdido uma das coisas mais importantes da vida, o amor.
- Você tem razão. Por outro lado, passei a sentir orgulho do meu novo corpo, resistente ao golpe de machado e brilhante em dias de sol. Hoje, só temo a ferrugem. Por isso, ando sempre com a lata de óleo para lubrificar minhas juntas - respondeu-me.
- Por que quer um coração? - perguntei.
- Ora! Pretendo me apaixonar de novo - disse o Homem de Lata.
O Leão Covarde, pobrezinho, venceu um monstro adormecido. Os animais da floresta não perceberam que o grande inimigo estava em sono profundo e elegeram o Leão como rei da floresta, quando, na realidade, ele temia até a si mesmo.
Todos, querido Oz, vivem felizes. Ficaram satisfeitos com os presentes que você lhes deu. O Espantalho virou intelectual. Na última vez que soube dele, era professor convidado em Harward, ilustre nos assuntos mais importantes da humanidade. O Homem de Lata casou-se com a jovem que por muito tempo sofreu sem o seu amor. Semana passada ele enviou-me foto do terceiro filho que nasceu há alguns dias. Eu voltei à minha casa e por um longo tempo fiquei muito feliz com o retorno.
Mas eu cresci, estudei. Hoje trabalho, tenho amigos, mas um problema muito maior do que estar longe de casa. Conheci novas pessoas, novos amigos, tive amores. Mas sabe o que descobri? Hoje em dia, os homens não são como os amigos que encontrei em Oz, eles são completos: São Homem de Lata, Espantalho e Leão Covarde, todos ao mesmo tempo, todos na mesma pessoa.
Feiticeiro, meu grande amigo, consegue ver meu problema? Eles não tem coração, não raciocinam e são medrosos. Eles não amam, não pensam duas vezes ao fazer alguém sofrer e quando amam são covardes demais para admitir.
Eu, que sou feita de carne, que tenho coração, sentimentos e coragem para admiti-los, que não tenho medo de chorar para não enferrujar, ando cabisbaixa, sofrendo como nunca imaginou quem ouviu a minha história de grandes aventuras pelo caminho dos ladrilhos amarelos.
Espero que compreenda o tamanho de meu problema e possa ajudar-me. Aguardo ansiosa o seu contato para marcarmos a data da viagem.
Com estima, faço votos de vê-lo em breve,
Dorothy”
domingo, 15 de agosto de 2010
Toca-me
terça-feira, 10 de agosto de 2010
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Grávida
Não sou mãe, mas já estive grávida.
Engravidei de esperança quando rezei com toda a minha fé.
Teci sapatinhos com linhas de sonhos para trilhar o meu caminho quando escolhi minha profissão.
Preparei o berço para aconchegar os amigos que ia encontrar.
Chorei de medo do que estava por vir.
Amei tanto que parecia não caber em mim.
Imaginei o futuro com todos os seus detalhes e cores, em plena harmonia, em perfeição.
Embalei desejos, cantei canções de ninar.
Gravidez de vida não acaba, renova-se.
E nesta espera não há homem ou mulher, estamos todos grávidos, bordando toalhinhas em ponto de esperança, concebendo dia-a-dia o nosso futuro.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Calo
Dor de amor não vivido é pior que calo.
Pois calo só dói no sapato apertado.
Não consegue ver, coração, que eu estou usando chinelo?
Pois calo só dói no sapato apertado.
Não consegue ver, coração, que eu estou usando chinelo?
segunda-feira, 12 de julho de 2010
História em frases curtas
Ela andava cansada da mesmice, da mesma cara refletindo no espelho, dos mesmos sonhos escritos no diário, das mesmas frustrações nas mesas de bar com os amigos.
Resolveu fazer então uma loucura. Colocou a roupa mais bonita, o sapato mais alto, o perfume mais caro, passou batom vermelho e saiu de casa sorrindo. Percorreu um caminho diferente do habitual, faltou ao trabalho, comprou uma lingerie provocante. Tomou um sorvete calórico como há muito tempo não fazia e sorriu para um estranho. Sentou na praça e leu Leminski. Não atendeu ao telefone.
Voltou para casa apaixonada. Descobriu que a melhor companhia era ela mesma. Que cada detalhe formaria o todo. E que o todo era um amontoado de frações.
Passou a viver a vida assim: em frases curtas. Pequenas orações do dia-a-dia. Orações sem fé, porém profundas. Talvez profanas.
Resolveu fazer então uma loucura. Colocou a roupa mais bonita, o sapato mais alto, o perfume mais caro, passou batom vermelho e saiu de casa sorrindo. Percorreu um caminho diferente do habitual, faltou ao trabalho, comprou uma lingerie provocante. Tomou um sorvete calórico como há muito tempo não fazia e sorriu para um estranho. Sentou na praça e leu Leminski. Não atendeu ao telefone.
Voltou para casa apaixonada. Descobriu que a melhor companhia era ela mesma. Que cada detalhe formaria o todo. E que o todo era um amontoado de frações.
Passou a viver a vida assim: em frases curtas. Pequenas orações do dia-a-dia. Orações sem fé, porém profundas. Talvez profanas.
sábado, 3 de julho de 2010
Um faraó em meus braços
O dia estava planejado, daria tempo de fazer tudo e talvez até tirar uma soneca no intervalo. Eu precisava tirar fotos de uma exposição sobre o Egito que está acontecendo na Casa da Cultura. A matéria estava pronta, tudo deveria ser simples. A ideia era fotografar a montagem dos ambientes pelos organizadores, uma vez que o foco era na abertura da exposição. Porém, cheguei lá meia hora depois do combinado e as peças ainda não estavam na cidade. O carro estragou, o motorista se perdeu e tudo fugiu do planejado.
Aproveitei para verificar outra pauta no mesmo lugar e conversar um pouco com quem estava por lá. Até que quando eu estava desistindo, as peças chegaram. Todos desceram a escada do enorme e centenário casarão de madeira para matar a curiosidade. Tudo estava embalado em plástico bolha, porém, a visão da múmia era ainda pior que na foto. Deveria ter cerca de 1,70m de altura. Magra como só uma múmia sabe ser. Um cadáver milenar, enfim.
Então, começaram a descarregar. Eu queria logo desembrulhar aquilo tudo, fazer algumas fotos e conseguir chegar à academia no horário marcado, ao contrário do que eu sempre faço. Ainda não tinha almoçado e meu café da manhã foi um iogurte. Planejava passar no mercado, comprar um lanche e mandar as fotos. Mas já eram 14h30. Todos foram pegando as caixas e pacotes. Eu também estava disposta a ajudar, embora sem muita segurança, pois quem me conhece sabe o quanto sou atrapalhada e a minha capacidade incrível de cair.
Estava olhando para uma caixa lá no fundo, com pacotes pequenos. Achei que ela seria ideal para eu carregar, pois corriam menos risco de quebrar no caso de uma queda. Mas é claro que o universo conspirou contra a minha vontade. Já estou começando a aprender a desejar o contrário do que quero, quem sabe comece a dar certo. Todos já haviam subido com suas respectivas caixas e a Kombi ainda estava cheia delas. Porém, o motorista olhou para mim e percebeu a rainha à sua frente. Deve ter visto a própria Nefertari, a primeira esposa do harém do faraó Ramsés II, e o estendeu para mim.
O homem estava com pressa e com cara de quem não aceitaria discussão. Tentei argumentar que era pesado. “Pegue aí pra você ver como agüenta”, ele respondeu. “Ai meu Deus, que medo de carregar um negócio desse. E se eu quebro?”, lamentei. “Quebra nada, mas tenha cuidado”, ordenou.
Andei rezando, com medo de bater em qualquer coisa e fazer a múmia virar pó, como qualquer mortal. Quando cheguei à escada, alguém ia descer. “Hey! Espere aí que eu vou passar com o faraó”, disse eu.
Nem pude acreditar quando soltei a múmia no chão, inteira. Ele foi o maior governante do Egito, ficando por 70 anos no poder. Tentando disfarçar o meu horror, fui desembrulhando o bonitão para poder fazer a foto.
Quando contei ao meu pai e mostrei a foto do gatinho que carreguei nos braços ele disse: “Ui ui! Melhor virar pó do que ficar assim, com os outros carregando”. Acabou com meu ego, nem meu pai achou que o faraó se sentiria honrado em ser carregado por mim, a princesa Carolina do reinado inexistente.
Uma amiga minha já foi mais sensível: “Poderosa, hein!”, disse aos risos. “Credo, que horror! Não ficou com medo?”, falou outra. “Não cheira mal?”, perguntou alguém. Ele não cheirava mal, cheirava a museu, sabe? Aquele perfume que me causa uma reação (alérgica, é claro!).
Lembrar do cabelo ainda me dá coceira. E a expressão que devo ter feito certamente foi hilária.
Só posso terminar dizendo que nem todo mundo pode dizer que teve um faraó em seus braços! Ela era uma réplica, é claro. Mas se eu não contasse você nem desconfiaria, né?
Aproveitei para verificar outra pauta no mesmo lugar e conversar um pouco com quem estava por lá. Até que quando eu estava desistindo, as peças chegaram. Todos desceram a escada do enorme e centenário casarão de madeira para matar a curiosidade. Tudo estava embalado em plástico bolha, porém, a visão da múmia era ainda pior que na foto. Deveria ter cerca de 1,70m de altura. Magra como só uma múmia sabe ser. Um cadáver milenar, enfim.
Então, começaram a descarregar. Eu queria logo desembrulhar aquilo tudo, fazer algumas fotos e conseguir chegar à academia no horário marcado, ao contrário do que eu sempre faço. Ainda não tinha almoçado e meu café da manhã foi um iogurte. Planejava passar no mercado, comprar um lanche e mandar as fotos. Mas já eram 14h30. Todos foram pegando as caixas e pacotes. Eu também estava disposta a ajudar, embora sem muita segurança, pois quem me conhece sabe o quanto sou atrapalhada e a minha capacidade incrível de cair.
Estava olhando para uma caixa lá no fundo, com pacotes pequenos. Achei que ela seria ideal para eu carregar, pois corriam menos risco de quebrar no caso de uma queda. Mas é claro que o universo conspirou contra a minha vontade. Já estou começando a aprender a desejar o contrário do que quero, quem sabe comece a dar certo. Todos já haviam subido com suas respectivas caixas e a Kombi ainda estava cheia delas. Porém, o motorista olhou para mim e percebeu a rainha à sua frente. Deve ter visto a própria Nefertari, a primeira esposa do harém do faraó Ramsés II, e o estendeu para mim.
O homem estava com pressa e com cara de quem não aceitaria discussão. Tentei argumentar que era pesado. “Pegue aí pra você ver como agüenta”, ele respondeu. “Ai meu Deus, que medo de carregar um negócio desse. E se eu quebro?”, lamentei. “Quebra nada, mas tenha cuidado”, ordenou.
Andei rezando, com medo de bater em qualquer coisa e fazer a múmia virar pó, como qualquer mortal. Quando cheguei à escada, alguém ia descer. “Hey! Espere aí que eu vou passar com o faraó”, disse eu.
Nem pude acreditar quando soltei a múmia no chão, inteira. Ele foi o maior governante do Egito, ficando por 70 anos no poder. Tentando disfarçar o meu horror, fui desembrulhando o bonitão para poder fazer a foto.
Quando contei ao meu pai e mostrei a foto do gatinho que carreguei nos braços ele disse: “Ui ui! Melhor virar pó do que ficar assim, com os outros carregando”. Acabou com meu ego, nem meu pai achou que o faraó se sentiria honrado em ser carregado por mim, a princesa Carolina do reinado inexistente.
Uma amiga minha já foi mais sensível: “Poderosa, hein!”, disse aos risos. “Credo, que horror! Não ficou com medo?”, falou outra. “Não cheira mal?”, perguntou alguém. Ele não cheirava mal, cheirava a museu, sabe? Aquele perfume que me causa uma reação (alérgica, é claro!).
Lembrar do cabelo ainda me dá coceira. E a expressão que devo ter feito certamente foi hilária.
Só posso terminar dizendo que nem todo mundo pode dizer que teve um faraó em seus braços! Ela era uma réplica, é claro. Mas se eu não contasse você nem desconfiaria, né?
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sexta-feira, 11 de junho de 2010
Meu jeito de dizer que te amo*
Meu amor está em poemas ainda não escritos, em versos escondidos de mim mesma, em sonhos que ainda não viraram realidade.
Procuro ser gentil, sorrir e alegrar, afinal, não sei quem te conhece e quero que sempre ouça coisas boas sobre mim. Não o amo em cenários de pôr-do-sol. Eu o amo no dia a dia, na meia rasgada, na olheira, no cabelo oleoso. Faz parte de mim o verbo amar. Eu o amo quando quero ficar bonita. Eu o amo quando acordo e faço tudo o que programei, sempre esperando que algo me surpreenda e mude o rumo do meu dia. Eu o amo quando penso em seus defeitos e em tudo aquilo que eu jurava nunca suportar. Eu o amo quando cultivo o bom humor.
Eu o amo quando penso no presente que vou lhe dar. Eu o amo quando ouço uma música que me faz pensar em nosso amor. Eu o amo quando leio poesia. Eu o amo como ama a princesa ao seu príncipe, feliz para sempre, até que se feche o livro. Eu o amo quando suspiro nos filmes de finais felizes e quando sinto vontade de chorar se a mocinha não se dá tão bem assim.
Eu o amo quando choro de saudades de tudo aquilo que não vivi. Eu o amo quando reconheço que aquele que veio antes não era amor.
Eu o amo ainda sem o conhecer. Sorrio ao caminhar. Canto, pareço feliz. Afinal, até que chegue o momento, nunca saberemos - eu e ele - onde vamos nos encontrar. Por isso, é preciso estar preparada, perfumada, sorridente. Eu o amo com a alegria de quem já conhece o amor por ter certeza de que um dia ele será real.
Eu o amo no presente, embora ainda sejamos futuro.
Feliz dia dos namorados!
* Mais uma postagem coletiva para o Espaço Aberto.
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Sonho; campanha; namorado
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Lá no céu tem telefone?
Minha dentista era gente finíssima, contrariando o seu físico de gordinha, alta, com uma gargalhada que compete com a minha. A assistente só não era alta, no restante eram iguais. Uma loira, outra morena. Eu, paciente, sofria por não poder falar o tempo todo enquanto ela me tratava. Ir ao consultório era sempre divertido, apesar do barulho estressante do motor e da anestesia. Três gordas bem humoradas numa sala era fato que deixava os pacientes que aguardavam curiosos para saberem o motivo das risadas.
Eu conhecia a Maria desde criança. Aproximadamente 10 anos mais velha do que eu, sempre ouvia falar que ela estava estudando fora. A encontrava na rua durante as férias ou finais de semana, sempre simpática. Eu adorava o cachorro que ela tinha, um dálmata. O único que eu tinha visto até o lançamento do filme da Disney.
Volta e meia antes da consulta, ela ou a Joana, a assistente, ligava para saber se eu iria. Uma vez cheguei a chorar de vontade de rir quando eu estava sem poder falar e a Joana soltou essa: “Onde você compra calcinha, Carol? Porque outro dia eu fui comprar lingerie. A vendedora me apareceu com umas ‘carçolas de veia’. Pior é que tinha uma vermelha! Aaaaaii que raiva que me deu! De certo ela pensou que se eu levasse um fio dental tinha que atravessar a rua e comprar também um pé-de-cabra pro meu marido conseguir tirar a calcinha de lá...”. Quando consegui me controlar ela complementou: “Eu nem queria fio dental. Mas bandeira do Mengão o Zé já tem”.
Às vezes, no meio da consulta o celular dela tocava. Se era um avião decolando era o maridão ligando para dar um oi. “Quando é você posso atender”, dizia rindo. Então pedia para ele ligar mais tarde porque estava atendendo uma paciente importante. “Já carreguei ela no colo, acredita?. Eu estou ficando velha”, contava.
Eu sabia que ela estava doente. Não parecia nem comentava. Quinze dias antes fui até lá para buscar uma placa de silicone que havia encomendado e como o paciente faltou, sentei e rimos o tempo de uma consulta. Não lembro quem ligou naquela noite, só lembro da vontade de chorar. De manhã fui ao velório. “A gente sabia que era grave, mas esperava que fosse aí mais uns 10 anos, sei lá”, disse o pai dela inconformado para nós. Chorei.
Sou medrosa, mas pela primeira vez na vida não tive medo de sentar perto do caixão. Ela era minha amiga e não havia lugar mais longe. Fiquei bem na altura das suas mãos. Elas estavam inchadas, enormes como eu nunca havia visto. Fiquei olhando as pessoas que chegavam perto, as que choravam, as que rezavam, as que faziam carinho. Viajando nos pensamentos sobre a brevidade da vida, eu lembrava das suas gargalhadas. Ela parecia sorrir, deixando um resquício de vida àquela palidez. Soube, ouvindo as conversas alheias, que dias depois do nosso último encontro ela foi para o hospital. Fiquei triste por não saber.
Então, no bolso do meu casaco vermelho o celular vibrou. Era um modelo de flip. Eu estava desempregada, então achei melhor ver quem estava ligando antes de desligar. Neste momento eu tenho certeza que ouvi a gargalhada inconfundível. No identificador apareceu: “Maria dentista chamando”.
Olhei para ela, olhei para o aparelho. Olhei para ela, olhei para o aparelho. Repeti o gesto mais três vezes, pelo menos. Nas mãos dela um terço, nenhum movimento. Saí de lá com os olhos arregalados - só minha mãe que estava perto sabe dizer o tamanho do susto. Atendi: “Oi Carol, é a Joana. Queria te...”. “Oi Jo, eu sei! Já estou aqui. Obrigada por ligar”. “Ai que bom, ela te queria tão bem”.
Voltei e não pude deixar de rir. “Meu celular nunca toca e quando toca é o morto me chamando para o próprio velório... Só você, né?”, pensei.
Sei lá se no céu tem internet, banda larga, se lê blog ou pensamento. Só tenho certeza que está rindo. Deve ter combinado tudo com a Joana pra garantir uma piada pra contar a São Pedro.
Eu conhecia a Maria desde criança. Aproximadamente 10 anos mais velha do que eu, sempre ouvia falar que ela estava estudando fora. A encontrava na rua durante as férias ou finais de semana, sempre simpática. Eu adorava o cachorro que ela tinha, um dálmata. O único que eu tinha visto até o lançamento do filme da Disney.
Volta e meia antes da consulta, ela ou a Joana, a assistente, ligava para saber se eu iria. Uma vez cheguei a chorar de vontade de rir quando eu estava sem poder falar e a Joana soltou essa: “Onde você compra calcinha, Carol? Porque outro dia eu fui comprar lingerie. A vendedora me apareceu com umas ‘carçolas de veia’. Pior é que tinha uma vermelha! Aaaaaii que raiva que me deu! De certo ela pensou que se eu levasse um fio dental tinha que atravessar a rua e comprar também um pé-de-cabra pro meu marido conseguir tirar a calcinha de lá...”. Quando consegui me controlar ela complementou: “Eu nem queria fio dental. Mas bandeira do Mengão o Zé já tem”.
Às vezes, no meio da consulta o celular dela tocava. Se era um avião decolando era o maridão ligando para dar um oi. “Quando é você posso atender”, dizia rindo. Então pedia para ele ligar mais tarde porque estava atendendo uma paciente importante. “Já carreguei ela no colo, acredita?. Eu estou ficando velha”, contava.
Eu sabia que ela estava doente. Não parecia nem comentava. Quinze dias antes fui até lá para buscar uma placa de silicone que havia encomendado e como o paciente faltou, sentei e rimos o tempo de uma consulta. Não lembro quem ligou naquela noite, só lembro da vontade de chorar. De manhã fui ao velório. “A gente sabia que era grave, mas esperava que fosse aí mais uns 10 anos, sei lá”, disse o pai dela inconformado para nós. Chorei.
Sou medrosa, mas pela primeira vez na vida não tive medo de sentar perto do caixão. Ela era minha amiga e não havia lugar mais longe. Fiquei bem na altura das suas mãos. Elas estavam inchadas, enormes como eu nunca havia visto. Fiquei olhando as pessoas que chegavam perto, as que choravam, as que rezavam, as que faziam carinho. Viajando nos pensamentos sobre a brevidade da vida, eu lembrava das suas gargalhadas. Ela parecia sorrir, deixando um resquício de vida àquela palidez. Soube, ouvindo as conversas alheias, que dias depois do nosso último encontro ela foi para o hospital. Fiquei triste por não saber.
Então, no bolso do meu casaco vermelho o celular vibrou. Era um modelo de flip. Eu estava desempregada, então achei melhor ver quem estava ligando antes de desligar. Neste momento eu tenho certeza que ouvi a gargalhada inconfundível. No identificador apareceu: “Maria dentista chamando”.
Olhei para ela, olhei para o aparelho. Olhei para ela, olhei para o aparelho. Repeti o gesto mais três vezes, pelo menos. Nas mãos dela um terço, nenhum movimento. Saí de lá com os olhos arregalados - só minha mãe que estava perto sabe dizer o tamanho do susto. Atendi: “Oi Carol, é a Joana. Queria te...”. “Oi Jo, eu sei! Já estou aqui. Obrigada por ligar”. “Ai que bom, ela te queria tão bem”.
Voltei e não pude deixar de rir. “Meu celular nunca toca e quando toca é o morto me chamando para o próprio velório... Só você, né?”, pensei.
Sei lá se no céu tem internet, banda larga, se lê blog ou pensamento. Só tenho certeza que está rindo. Deve ter combinado tudo com a Joana pra garantir uma piada pra contar a São Pedro.
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quinta-feira, 27 de maio de 2010
Imagens que me fazem suspirar
Uma imagem diz mais do que mil palavras, já estabeleceu o velho ditado. Duas pessoas podem se amar, mesmo sem conseguir explicar ou denominar o que sentem. Mais um dia dos namorados está chegando, mas acho que nunca encontrarei outra história tão linda e de amor tão verdadeiro.
Sempre exagerada, não consegui escolher uma fotografia, somente. Cada uma destas fotos me emociona e sempre que estou desistindo da profissão elas me aparecem no caminho, mostrando que há momentos de plena felicidade no cotidiano cansativo e atrapalhado que eu tenho. Cada uma delas tem sua história e me toca de uma forma diferente.
Colheita da uva - 2008
O que eu mais adoro nesta foto é a satisfação do agricultor com o seu trabalho.
Pêssankas - 2009
A beleza e a delicadeza dos ovos artesanais, pintados pelas mãos calejadas do jovem trabalhador rural.
Ipê - Fernandes Pinheiro
Esta foto ficou salva como 'meu ipê'. Ele é obra da natureza, mas o considero meu porque esta imagem me enche de alegria.
Há mais de 15 anos, faça frio ou sol, este senhor cuida de uma plantação de repolhos que fica a mais de 5km da casa dele. Apesar da estrada ruim e esquecida pelo governo local, ele não reclama, é feliz por ter trabalho.
Rodeio de Irati - 2009
Gosto da composição desta foto, do colorido, da luz.
Espero que essa minha nova contribuição para o Espaço Aberto também tenha emocionado vocês!
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sexta-feira, 21 de maio de 2010
Epitáfio a Damasius
Damaris, aquela que nunca aprendeu malabares,
Fugiu dos nossos olhares
Parou de comer as frutas dos nossos pomares
Pegou seu barco e foi aos mares
Em busca de novos ares, outros luares
****
Para Damaris, a fã dos meus epitáfios...
Ah, Damaris, ainda bem que posso trocar o I pelo E para rimares!
Fugiu dos nossos olhares
Parou de comer as frutas dos nossos pomares
Pegou seu barco e foi aos mares
Em busca de novos ares, outros luares
****
Para Damaris, a fã dos meus epitáfios...
Ah, Damaris, ainda bem que posso trocar o I pelo E para rimares!
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quinta-feira, 20 de maio de 2010
Um tal de MEME
Fui convidada pra um tal de Meme. Fui logo pensando nos salgadinhos e docinhos desta festa. Confesso: Não sabia o que era MEME! Pensei em:
- MEu amigo ME sacaneou
- Sei lá... Se tenho que fazer a mesma coisa que ele deve vir de “la même chose” em francês...
- Um gago dizendo Meme ferrei nenessa!
- Fui pesquisar e descobri que o termo meme foi criado por um pesquisador em 1976, Richard Dawkins. Ele tem relação com a memória na genética. É considerado como uma unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro ou em livros e outros locais de armazenamento de informações.
Bem no fim é tudo isso mesmo. Me ferrei e tenho que contar seis coisas que vocês não sabem sobre mim em um blog. Ou seja, meu amigo me sacaneou, meus segredos são "lê même" que os de muita gente, estão sendo publicados e difundindo a idéia do meme em um local de armazenamento de informações, meu blog, informações inúteis, eu sei, mas é um local onde elas são compiladas.
Este foi o primeiro segredo.
Quando pensei em ‘segundo segredo’, surgiu-me a frase: ‘o segundo segredo de Fátima’. Então lembrei que quando era criança, a professora da catequese chegou na aula com uma carta dizendo que o mundo ia acabar, que haveria uma grande tempestade, tudo viraria escuridão, só as velas dos altares continuariam acesas e que os pecadores morreriam. É lógico que naquela noite choveu e chorei arrependida, crente de que iria para o inferno, pois durante a tarde eu havia roubado um dinheirinho da minha mãe para comprar chocolate na Dona Dirce - uma velha ranzinza que tinha todos os doces do mundo na sua bodega.
E este foi o segundo segredo de Carolina.
Mudando de saco pra mala, ninguém que olha para mim diz isso, mas sou uma ótima dona de casa. Sei bordar ponto cruz, fazer crochê e tricô, além de limpar, lavar, passar e cozinhar. Fora cozinhar para os amigos, o resto faço só para mim. Já disse, não confundam, não é porque eu sou para casar que eu quero casar.
Já sabem a terceira inutilidade sobre a minha pessoa.
Fico descontrolada em lojas de livros. Outro dia comprei cinco de uma vez. São todos muito bons e valeu a pena. Tenho ciúmes dos meus livros e certa dificuldade em dar um livro de presente porque sempre quero todos para mim. Não consigo deixar um livro pela metade. Tenho a impressão de que o personagem depende de mim para continuar a sua vida. Sofro em imaginá-lo preso a um momento por culpa minha!
Acabo de pensar que esta quarta revelação pode render um livro sobre o ódio de um personagem por um leitor que o deixou abandonado no meio da leitura, sem poder cumprir o seu destino.
Adoro dar presentes. Às vezes estou andando por um lugar, vejo algo que me lembra alguém e compro. Gosto de presentes significativos, aquele tipo de coisa que só você e o presenteado vão entender porque é algo que não tem nada a ver com o resto do mundo. Já comprei presentes e acabei não dando por achar que a pessoa não entenderia a minha intenção. Gosto de surpreender e só, sem segundas intenções (às vezes tenho milésimas intenções, mas isso não precisa ser citado).
E lá se foi o penúltimo pedacinho de mim.
Isso já está ficando muito revelador...
Geralmente os perfumes acabam antes da última prestação. Os compro via internet em três vezes. Não, não bebo perfume, prefiro álcool mesmo! E gosto de beber cheirosa...
And that’s it! This is my last secret!
Agora, tudo o que tenho que fazer é indicar o mesmo número de pessoas que o de segredos para eu sacanear! Vou tentar escolher aqueles que eu acho que não deixarão de fazer, mesmo sabendo que se não fizerem o meme, ainda assim, continuarão sendo lindas, queridas, charmosas, mas nós deixaremos de saber algumas coisinhas inusitadas sobre eles...
Então, vamos lá:
Damasius, minha primeira seguidora, meu primeiro comentário recebido no blog.
Déia, porque acho incrível a capacidade de atualizar o blog todos os dias e porque ela vai ser mamãe e deve estar sentimental!
Daniel Savio, porque ele nunca deixa de comentar um texto e sempre me deixa muito feliz.
Rafael, o último blog que comecei a seguir.
Carol, quer nome mais lindo que esse? Adolescente, cheia de ideias e amores.
Dani, acho que ela não recusaria o convite porque ela é vidrada em marketing de blog e não vai perder essa oportunidade.
Gostaria de indicar novamente o Veloso que foi quem me fez entrar nessa! Mas sei lá se ele tem tantos segredos assim! Paranaense criativo demais. Adoro as formigas. A bonequinha pretinha de biscuit deve ter sido inspirada em mim!
Gostaria também que todos os blogueiros que eu sigo participassem, pois sou muito curiosa sobre a vida de todos eles!
terça-feira, 18 de maio de 2010
Epitáfio V
Não ria porque meu túmulo é um jornal
Muito menos porque escrevi mal
Volto puxar o seu pé
E só vou embora depois do café
Escrever epitáfio é quase arte
Antes um escrito por mim
Do que outro falando qualquer coisa
Da qual eu não faça parte
Não fiz nada de nobre
Até minhas rimas foram pobres
Só peço que agora você não se emocione,
Nem chore
Morrer é a única coisa
Que eu tinha certeza que um dia faria
O que para quem deixou de lado certas noites de folia
É quase uma alegria
Muito menos porque escrevi mal
Volto puxar o seu pé
E só vou embora depois do café
Escrever epitáfio é quase arte
Antes um escrito por mim
Do que outro falando qualquer coisa
Da qual eu não faça parte
Não fiz nada de nobre
Até minhas rimas foram pobres
Só peço que agora você não se emocione,
Nem chore
Morrer é a única coisa
Que eu tinha certeza que um dia faria
O que para quem deixou de lado certas noites de folia
É quase uma alegria
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sábado, 1 de maio de 2010
Sobram vagas no mercado
Por falta de qualificação e procura, sobram vagas para o cargo de namorado em todas as cidades do país. Estima-se que em todo o mundo o número de vagas seja correspondente a aproximadamente 30% da população feminina acima de 25 anos.
O que mais surpreende é que essa profissão não exige experiência, basta ter amor, gostar do que faz e investir um pouco de tempo. O retorno em carícias, beijos e noites inesquecíveis é garantido.
As mulheres com vagas em aberto são, em sua maioria, lindas, independentes e inteligentes. Elas não selecionam pela beleza - os feios competem em nível de igualdade, desde que sejam legais. Um dos problemas que mantém os índices de solteirice tão altos pode ser o excesso de qualificação, que além de assustar os candidatos que não possuem atitude, tornam o processo mais longo e por vezes doloroso. Elas não exigem conhecimento de política, mas não dispensam bom gosto para cinema, literatura e camisas. Elas gostam de futebol, bebem cerveja, dividem a conta e diferenciam sexo e amor. Se necessário, falam palavrão.
Os interessados não devem enviar currículo. O processo seletivo é totalmente baseado na personalidade dos candidatos que terão todas as oportunidades necessárias para mostrá-las. Entretanto, uma oportunidade dispensada pode significar eliminação imediata. Um olhar, sorriso e bom papo são indispensáveis para o início da seleção. Atitude, criatividade, perfume marcante e não enjoativo são considerados diferenciais.
***
Texto inspirado nos últimos posts das amigas Paulinha, Carol, Déia e Larissa...
O que mais surpreende é que essa profissão não exige experiência, basta ter amor, gostar do que faz e investir um pouco de tempo. O retorno em carícias, beijos e noites inesquecíveis é garantido.
As mulheres com vagas em aberto são, em sua maioria, lindas, independentes e inteligentes. Elas não selecionam pela beleza - os feios competem em nível de igualdade, desde que sejam legais. Um dos problemas que mantém os índices de solteirice tão altos pode ser o excesso de qualificação, que além de assustar os candidatos que não possuem atitude, tornam o processo mais longo e por vezes doloroso. Elas não exigem conhecimento de política, mas não dispensam bom gosto para cinema, literatura e camisas. Elas gostam de futebol, bebem cerveja, dividem a conta e diferenciam sexo e amor. Se necessário, falam palavrão.
Os interessados não devem enviar currículo. O processo seletivo é totalmente baseado na personalidade dos candidatos que terão todas as oportunidades necessárias para mostrá-las. Entretanto, uma oportunidade dispensada pode significar eliminação imediata. Um olhar, sorriso e bom papo são indispensáveis para o início da seleção. Atitude, criatividade, perfume marcante e não enjoativo são considerados diferenciais.
***
Texto inspirado nos últimos posts das amigas Paulinha, Carol, Déia e Larissa...
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Sonho; campanha; namorado
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Outono - beleza morta da natureza viva*
O alto das árvores perde a cor
Para pintar o chão
Com a beleza morta das folhas
De uma natureza viva
Quatro estações,
Mais um ano igual
Frio, vento, chuva e, enfim, verão
Mas a flor não é a mesma
Caíram as folhas, mudaram as pétalas,
A cor, a essência
No outono da alma, a estação pouco importa
Vem primavera, chegam as flores
Mas para a alma em outono,
Não há amores
Sentimento desfolhado e sem beleza
No outono da alma,
Tudo é tristeza
*Esta postagem faz parte da iniciativa Espaço Aberto - http://um-blog-para-todos.blogspot.com/ - que propôs o tema "outono" para todos os blogueiros participantes neste dia 30.
Para pintar o chão
Com a beleza morta das folhas
De uma natureza viva
Quatro estações,
Mais um ano igual
Frio, vento, chuva e, enfim, verão
Mas a flor não é a mesma
Caíram as folhas, mudaram as pétalas,
A cor, a essência
No outono da alma, a estação pouco importa
Vem primavera, chegam as flores
Mas para a alma em outono,
Não há amores
Sentimento desfolhado e sem beleza
No outono da alma,
Tudo é tristeza
*Esta postagem faz parte da iniciativa Espaço Aberto - http://um-blog-para-todos.blogspot.com/ - que propôs o tema "outono" para todos os blogueiros participantes neste dia 30.
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sábado, 24 de abril de 2010
terça-feira, 20 de abril de 2010
Colecionando tombos
Há quem colecione moedas, selos, amores. Eu coleciono tombos. Os meus e os alheios. É preciso ser original, minha gente!
Quem me conhece bem, ou sabe dos meus tombos ou já teve a sorte de presenciar algum deles. Não seio que é isso de cair, mas caio com uma frequência maior que a maioria dos seres que vivem em perfeito equilíbrio no (e com o) universo. Quando vejo um homem bonito, uma situação que me tira do salto ou uma vitrine irresistível, rezo para nossa senhora da bicicletinha pedindo equilíbrio. Mas ela falhou comigo. Falhou feio e no meio de transporte que faz parte do seu nome.
Ontem eu alegrei um pedreiro que voltava do trabalho. Já era início da noite, cheguei em casa mais cedo, estava calor e resolvi tirar a magrela para um passeio. Há uma avenida ainda em construção pela qual gosto de passar. Fazia cerca de 2 semanas que não pedalava para o lado de lá. Quando cheguei aos 200 metros que faltavam para a conclusão da obra, percebi que foi uma péssima escolha. A futura rua estava cheia de pedras gigantescas, aquelas que vão antes da camada de asfalto. Vagarosamente fui trilhando meu caminho até que tive a infeliz ideia de pensar: "Putz, ou desço da bike ou caio". Mal terminei e o universo já conspirava a favor dos meus pensamentos. Quando percebi estava no chão. Se eu soubesse que o universo estava tão sincronizado comigo, teria me imaginado milionária. A primeira atitude, é claro, foi olhar à minha volta. Havia um pedreiro vindo do trabalho, também ele em sua magrela. Quando eu já estava em pé e ele provavelmente conseguiu encontrar no seu cérebro o comando que segurava o riso, perguntou: "Machucou moça?". "Não, moço. Obrigada", respondi rindo de mim mesma. "Não está fácil andar por aqui mesmo. Essa prefeitura que começa as coisas e não termina...", disse ele, seguindo equilibradamente o seu caminho entre as pedras. Eu limpei o que pude da terra e graxa que ficou na minha roupa, pernas e braços e segui caminho. Não cai de propósito, mas agora que os hematomas já estão surgindo, dedico meu tombo àquele trabalhador. Ele que todos os dias deve chegar em casa cansado, ontem teve uma história engraçada para contar. Deve ter feito a família toda chorar de rir narrando a saga da gordinha vestida de esportista que não passou do chão, embora tenha tentado bravamente.
Quando ainda estava no colégio, eu estava matando educação física com meus amigos, sentada na quadra da escola. De repente, uma senhora gordinha, vestida de cor-de-rosa, que todos os dias passava por ali caminhando, inexplicavelmente, jogou-se de frente no chão. Ela caiu reta, como se não quisesse impedir o que ia acontecer. O único menino da roda gritou: "Madeeeeiiiiirrrraaaaaa". Pobrezinha! Nós brigamos com ele, perguntamos se ela havia se machucado. Ela seguiu o seu caminho envergonhada e quando virou a esquina gargalhamos até o estômago doer.
Quando eu estava na faculdade, eu tinha uma aluna particular de inglês em casa, fora as turmas da escola, que ficava a quatro ou cinco quadras da minha casa. Um dia marcamos uma aula com 20 minutos de intervalo entre a minha última aula na escola e a dela, em minha casa. O tempo era suficiente, mas eu não havia lavado a louça e precisava andar rápido. Escolhi uma rua menos movimentada e que não fazia parte do meu trajeto habitual. Estava com as mãos cheias de livros. Uma calçada linda e sem degraus à minha frente. Três estudantes do outro lado da rua andavam conversando. Até que a calçada linda transformou-se num abismo grande o suficiente para que meu pé entrasse, encaixasse e eu caísse. Serviço de pedreiro preguiçoso! Em vez de colocar um cano e cobrir com cimento para que a água da chuva escorresse para a rua, o sem vergonha moldou a calçada como um cano cortado ao meio --------u---------. Caí como a mulher de cor-de-rosa. Os estudantes riram. Juntei meus livros e prossegui. Minha aluna era arquieteta da prefeitura e ao ver o meu braço esfolado perguntou o que aconteceu. Eu contei a história e ela disse que iria averiguar, que aquilo era perigoso, que a calçada ficava ao lado de uma escola - a escola dos filhos dela. Nunca mais passei por lá para conferir o resultado.
Também já caí na rampa do cinema da faculdade perto dos meus colegas - felizmente foi no quarto ano e já tínhamos histórias mais embaraçosas do que aquele tombo, caso contrário, desistiria do curso pela vergonha. O último desabamento antes da bike foi no Natal. Caí da escada de casa, fiquei com o bumbum tão roxo que não pude usar roupa clara por três semanas. Há um ano, mais ou menos, usando meu novo tamanco de salto anabela e super alto, chique de doer, eu caí ao atravessar a linha do trem que passa pelo centro desta cidade e que me causa arrepios desde então.
Nossa senhora da bicicletinha também falhou comigo quando eu era criança. Fazia pouco tempo que eu tinha ganho minha Ceci, rosa, com cestinha. Eu deveria ter mais ou menos 9 anos. Eu morava numa descida, a última casa da rua. Minha diversão era subir até a esquina oposta, descer pedalando até a metade da rua para ganhar mais velocidade e frear quase em frente ao portão, que estaria aberto e eu entraria correndo, parando pouco antes de bater no carro que estava na garagem. Certa feita, depois de já ter repetido o trajeto umas 10 vezes, ao chegar na divisa da casa da vizinha onde eu freava, o breque falhou. Em vez de segurar firme o guidão, virar a esquina e esperar o embalo acabar, ergui as duas mãos, segurei a cabeça e gritei lindamente desesperada: "Manheeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee". Ela estava lavando roupa, saiu correndo, estava de avental. Meu pai estava na sala. Também correu. quando chegaram, por sorte ou azar, a bicicleta sozinha foi até a cerca e se encaixou. Claro que isso não foi sutilmente. Minha testa também estava grudada na cerca. Fiquei traumatizada e durante o restante da semana não corri na descida. Depois que o freio ganhou minha confiança novamente e que eu já tinha um plano B, perdi as contas de quantas vezes repeti as pedaladas radicais.
Outra vez eu, minha irmã e prima estavamos em casa vendo filmes. Vale salientar que tínhamos entre 18 e 25 anos. Não sei porque, no intervalo entre um filme e outro eu saí correndo atrás da minha irmã. Ela viu um frasco de veneno, pegou, apontou para mim e fez "tchiiiii" com a boca. Eu caí como uma mosca. Dois dias depois que elas pararam de rir, disseram que foi em câmera lenta, coisa bonita de se ver. Até hoje as duas ainda riem sozinhas na cama antes de dormir quando lembram da história.
No ano passado, minha mãe foi descer a escada já mencionada. Mas ela estava com uma enorme bacia com roupas para pendurar no varal. Quando ainda faltavam dois degraus, ela achou que a escada havia terminado e saiu caminhando pelo ar. Largou a roupa ali mesmo, subiu engatinhando, encontrou o telefone e ligou para o meu pai que estava trabalhando. "Caí da escada", disse ela, chorandinho. "Machucou? Se quebrou?", ele perguntou preocupado. "Acho que não", respondeu ela. Enxugou as lágrimas de susto, levantou e foi pendurar a roupa. Hoje em dia só leva roupa para o varal em baldes e com uma mão livre para segurar no corrimão (que sempre esteve ali).
Duvido que alguém tenha lido tudo isso. Um texto muito longo e inútil, que como eu, em breve cairá no esquecimento...
Eu sei que tudo isso nada mais é do que uma provação para medir o tamanho da minha fé. Então, para provar que ela é inabalável, repito: "Minha nossa senhora da bicicletinha, dai-me equilíbrio".
Quem me conhece bem, ou sabe dos meus tombos ou já teve a sorte de presenciar algum deles. Não seio que é isso de cair, mas caio com uma frequência maior que a maioria dos seres que vivem em perfeito equilíbrio no (e com o) universo. Quando vejo um homem bonito, uma situação que me tira do salto ou uma vitrine irresistível, rezo para nossa senhora da bicicletinha pedindo equilíbrio. Mas ela falhou comigo. Falhou feio e no meio de transporte que faz parte do seu nome.
Ontem eu alegrei um pedreiro que voltava do trabalho. Já era início da noite, cheguei em casa mais cedo, estava calor e resolvi tirar a magrela para um passeio. Há uma avenida ainda em construção pela qual gosto de passar. Fazia cerca de 2 semanas que não pedalava para o lado de lá. Quando cheguei aos 200 metros que faltavam para a conclusão da obra, percebi que foi uma péssima escolha. A futura rua estava cheia de pedras gigantescas, aquelas que vão antes da camada de asfalto. Vagarosamente fui trilhando meu caminho até que tive a infeliz ideia de pensar: "Putz, ou desço da bike ou caio". Mal terminei e o universo já conspirava a favor dos meus pensamentos. Quando percebi estava no chão. Se eu soubesse que o universo estava tão sincronizado comigo, teria me imaginado milionária. A primeira atitude, é claro, foi olhar à minha volta. Havia um pedreiro vindo do trabalho, também ele em sua magrela. Quando eu já estava em pé e ele provavelmente conseguiu encontrar no seu cérebro o comando que segurava o riso, perguntou: "Machucou moça?". "Não, moço. Obrigada", respondi rindo de mim mesma. "Não está fácil andar por aqui mesmo. Essa prefeitura que começa as coisas e não termina...", disse ele, seguindo equilibradamente o seu caminho entre as pedras. Eu limpei o que pude da terra e graxa que ficou na minha roupa, pernas e braços e segui caminho. Não cai de propósito, mas agora que os hematomas já estão surgindo, dedico meu tombo àquele trabalhador. Ele que todos os dias deve chegar em casa cansado, ontem teve uma história engraçada para contar. Deve ter feito a família toda chorar de rir narrando a saga da gordinha vestida de esportista que não passou do chão, embora tenha tentado bravamente.
Quando ainda estava no colégio, eu estava matando educação física com meus amigos, sentada na quadra da escola. De repente, uma senhora gordinha, vestida de cor-de-rosa, que todos os dias passava por ali caminhando, inexplicavelmente, jogou-se de frente no chão. Ela caiu reta, como se não quisesse impedir o que ia acontecer. O único menino da roda gritou: "Madeeeeiiiiirrrraaaaaa". Pobrezinha! Nós brigamos com ele, perguntamos se ela havia se machucado. Ela seguiu o seu caminho envergonhada e quando virou a esquina gargalhamos até o estômago doer.
Quando eu estava na faculdade, eu tinha uma aluna particular de inglês em casa, fora as turmas da escola, que ficava a quatro ou cinco quadras da minha casa. Um dia marcamos uma aula com 20 minutos de intervalo entre a minha última aula na escola e a dela, em minha casa. O tempo era suficiente, mas eu não havia lavado a louça e precisava andar rápido. Escolhi uma rua menos movimentada e que não fazia parte do meu trajeto habitual. Estava com as mãos cheias de livros. Uma calçada linda e sem degraus à minha frente. Três estudantes do outro lado da rua andavam conversando. Até que a calçada linda transformou-se num abismo grande o suficiente para que meu pé entrasse, encaixasse e eu caísse. Serviço de pedreiro preguiçoso! Em vez de colocar um cano e cobrir com cimento para que a água da chuva escorresse para a rua, o sem vergonha moldou a calçada como um cano cortado ao meio --------u---------. Caí como a mulher de cor-de-rosa. Os estudantes riram. Juntei meus livros e prossegui. Minha aluna era arquieteta da prefeitura e ao ver o meu braço esfolado perguntou o que aconteceu. Eu contei a história e ela disse que iria averiguar, que aquilo era perigoso, que a calçada ficava ao lado de uma escola - a escola dos filhos dela. Nunca mais passei por lá para conferir o resultado.
Também já caí na rampa do cinema da faculdade perto dos meus colegas - felizmente foi no quarto ano e já tínhamos histórias mais embaraçosas do que aquele tombo, caso contrário, desistiria do curso pela vergonha. O último desabamento antes da bike foi no Natal. Caí da escada de casa, fiquei com o bumbum tão roxo que não pude usar roupa clara por três semanas. Há um ano, mais ou menos, usando meu novo tamanco de salto anabela e super alto, chique de doer, eu caí ao atravessar a linha do trem que passa pelo centro desta cidade e que me causa arrepios desde então.
Nossa senhora da bicicletinha também falhou comigo quando eu era criança. Fazia pouco tempo que eu tinha ganho minha Ceci, rosa, com cestinha. Eu deveria ter mais ou menos 9 anos. Eu morava numa descida, a última casa da rua. Minha diversão era subir até a esquina oposta, descer pedalando até a metade da rua para ganhar mais velocidade e frear quase em frente ao portão, que estaria aberto e eu entraria correndo, parando pouco antes de bater no carro que estava na garagem. Certa feita, depois de já ter repetido o trajeto umas 10 vezes, ao chegar na divisa da casa da vizinha onde eu freava, o breque falhou. Em vez de segurar firme o guidão, virar a esquina e esperar o embalo acabar, ergui as duas mãos, segurei a cabeça e gritei lindamente desesperada: "Manheeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee". Ela estava lavando roupa, saiu correndo, estava de avental. Meu pai estava na sala. Também correu. quando chegaram, por sorte ou azar, a bicicleta sozinha foi até a cerca e se encaixou. Claro que isso não foi sutilmente. Minha testa também estava grudada na cerca. Fiquei traumatizada e durante o restante da semana não corri na descida. Depois que o freio ganhou minha confiança novamente e que eu já tinha um plano B, perdi as contas de quantas vezes repeti as pedaladas radicais.
Outra vez eu, minha irmã e prima estavamos em casa vendo filmes. Vale salientar que tínhamos entre 18 e 25 anos. Não sei porque, no intervalo entre um filme e outro eu saí correndo atrás da minha irmã. Ela viu um frasco de veneno, pegou, apontou para mim e fez "tchiiiii" com a boca. Eu caí como uma mosca. Dois dias depois que elas pararam de rir, disseram que foi em câmera lenta, coisa bonita de se ver. Até hoje as duas ainda riem sozinhas na cama antes de dormir quando lembram da história.
No ano passado, minha mãe foi descer a escada já mencionada. Mas ela estava com uma enorme bacia com roupas para pendurar no varal. Quando ainda faltavam dois degraus, ela achou que a escada havia terminado e saiu caminhando pelo ar. Largou a roupa ali mesmo, subiu engatinhando, encontrou o telefone e ligou para o meu pai que estava trabalhando. "Caí da escada", disse ela, chorandinho. "Machucou? Se quebrou?", ele perguntou preocupado. "Acho que não", respondeu ela. Enxugou as lágrimas de susto, levantou e foi pendurar a roupa. Hoje em dia só leva roupa para o varal em baldes e com uma mão livre para segurar no corrimão (que sempre esteve ali).
Duvido que alguém tenha lido tudo isso. Um texto muito longo e inútil, que como eu, em breve cairá no esquecimento...
Eu sei que tudo isso nada mais é do que uma provação para medir o tamanho da minha fé. Então, para provar que ela é inabalável, repito: "Minha nossa senhora da bicicletinha, dai-me equilíbrio".
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sexta-feira, 16 de abril de 2010
Chutando o acupunturista
A semana estava corrida, trabalhou muito. Foi à sessão de acupuntura de bicicleta porque com suas pernas cansadas não chegaria a tempo, nem queria gastar com taxi, muito menos enfrentar um ônibus. Sol das 13h50, tinha 10 minutos para chegar, duas grandes subidas pela frente.
O ‘cara’ não respondeu nem retornou. A chefe estava maldosa, os colegas de trabalho insuportáveis, os seios doloridos. Ela sabia que se o mundo parecia todo errado, era mais provável que o problema fosse com ela. Em dois dias o humor melhoraria pois a visita mensal estava para chegar.
Chegou suada. Deitou-se na maca, queria dormir. Pensou em ficar ali, escondida do mundo. Não lembrariam de procurá-la na acupuntura. Cada agulhada foi sentida como uma facada. O terapeuta falava sem parar. Contava histórias de gente que se curou de doenças incuráveis. O tal ponto do rim era sempre o mais dolorido. Era uma agulhada que ia do pé ao próprio órgão em todas as sessões. Todas as agulhas colocadas e o homem continuava falando.
Depois de 20 minutos com as agulhas, chegou a hora do aparelho de choque. Quem já fez acupuntura sabe como é. Um aparelhinho que tem uma corrente tão baixa que geralmente não é sentido. Entretanto, parece que nem sempre ele passa tão desapercebido. Ele foi de ponto em ponto dando a tal descarga elétrica. Quando chegou no ponto do rim, que já estava em 220W, o efeito foi tão forte que ela chutou-lhe no queixo, absolutamente descontrolada. E o descontrolada era no sentido literal, pois com o choque que o objeto causou, a perna simplesmente saiu da maca a toda velocidade, sem qualquer possibilidade de pensamento ou movimento de controle antes.
Pobre terapeuta...
Ainda deve estar com o queixo dolorido. Ela não teve coragem de ligar para ele. Talvez esteja roxo. Talvez com algum dente quebrado. Ele é corajoso. Marcou a sessão da semana seguinte. Talvez seja por vingança. Talvez ela não vá.
PS: Sim, é verdade. Sim, aconteceu comigo. Sim, foi sem querer. Não, na hora eu não ri. Sim, chorei de rir depois.
O ‘cara’ não respondeu nem retornou. A chefe estava maldosa, os colegas de trabalho insuportáveis, os seios doloridos. Ela sabia que se o mundo parecia todo errado, era mais provável que o problema fosse com ela. Em dois dias o humor melhoraria pois a visita mensal estava para chegar.
Chegou suada. Deitou-se na maca, queria dormir. Pensou em ficar ali, escondida do mundo. Não lembrariam de procurá-la na acupuntura. Cada agulhada foi sentida como uma facada. O terapeuta falava sem parar. Contava histórias de gente que se curou de doenças incuráveis. O tal ponto do rim era sempre o mais dolorido. Era uma agulhada que ia do pé ao próprio órgão em todas as sessões. Todas as agulhas colocadas e o homem continuava falando.
Depois de 20 minutos com as agulhas, chegou a hora do aparelho de choque. Quem já fez acupuntura sabe como é. Um aparelhinho que tem uma corrente tão baixa que geralmente não é sentido. Entretanto, parece que nem sempre ele passa tão desapercebido. Ele foi de ponto em ponto dando a tal descarga elétrica. Quando chegou no ponto do rim, que já estava em 220W, o efeito foi tão forte que ela chutou-lhe no queixo, absolutamente descontrolada. E o descontrolada era no sentido literal, pois com o choque que o objeto causou, a perna simplesmente saiu da maca a toda velocidade, sem qualquer possibilidade de pensamento ou movimento de controle antes.
Pobre terapeuta...
Ainda deve estar com o queixo dolorido. Ela não teve coragem de ligar para ele. Talvez esteja roxo. Talvez com algum dente quebrado. Ele é corajoso. Marcou a sessão da semana seguinte. Talvez seja por vingança. Talvez ela não vá.
PS: Sim, é verdade. Sim, aconteceu comigo. Sim, foi sem querer. Não, na hora eu não ri. Sim, chorei de rir depois.
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quarta-feira, 14 de abril de 2010
terça-feira, 13 de abril de 2010
Canta pra mim?
Quero te abraçar, pode se perfumar
Porque eu tô voltando [...]
Faz um cabelo bonito pra eu notar
Que eu só quero mesmo é despentear
Quero te agarrar
Pode se preparar porque eu tô voltando
Põe pra tocar na vitrola aquele som
Estréia uma camisola
Eu tô voltando
Chico Buarque - Tô voltando)
Pedido de Carolina, hoje a de Chico, mas não pelos olhos tristes e sim por estar mais 'Mulher de Atenas' do que contadora de histórias. Inspirada pela semana do http://aceuabertodaboca.blogspot.com
Porque eu tô voltando [...]
Faz um cabelo bonito pra eu notar
Que eu só quero mesmo é despentear
Quero te agarrar
Pode se preparar porque eu tô voltando
Põe pra tocar na vitrola aquele som
Estréia uma camisola
Eu tô voltando
Chico Buarque - Tô voltando)
Pedido de Carolina, hoje a de Chico, mas não pelos olhos tristes e sim por estar mais 'Mulher de Atenas' do que contadora de histórias. Inspirada pela semana do http://aceuabertodaboca.blogspot.com
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quarta-feira, 7 de abril de 2010
Epitáfio V
Não ria porque meu túmulo é um jornal
Muito menos porque escrevi mal
Volto puxar o seu pé
E só vou embora depois do café
Escrever epitáfio é quase arte
Antes um escrito por mim
Do que outro falando qualquer coisa
Da qual eu não faça parte
Não fiz nada de nobre
Até minhas rimas foram pobres
Só peço que agora você não se emocione,
Nem chore
Morrer é a única coisa
Que eu tinha certeza que um dia faria
O que para quem deixou de lado certas noites de folia
É quase uma alegria
Muito menos porque escrevi mal
Volto puxar o seu pé
E só vou embora depois do café
Escrever epitáfio é quase arte
Antes um escrito por mim
Do que outro falando qualquer coisa
Da qual eu não faça parte
Não fiz nada de nobre
Até minhas rimas foram pobres
Só peço que agora você não se emocione,
Nem chore
Morrer é a única coisa
Que eu tinha certeza que um dia faria
O que para quem deixou de lado certas noites de folia
É quase uma alegria
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Epitáfio IV
Viciada em chocolate e café,
Pegou um doce e deu no pé
Vai sobrar no mundo cafeína,
Pois num grande desastre
Morreu a velha Carolina
Pegou um doce e deu no pé
Vai sobrar no mundo cafeína,
Pois num grande desastre
Morreu a velha Carolina
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segunda-feira, 5 de abril de 2010
Amor e coelho da Páscoa, você acredita?
Semana passada ouvi crianças falando sobre o coelho da Páscoa. Com cerca de 7 anos, todos tinham dúvidas sobre a sua existência. Peguei algumas frases soltas:
Pois é, eu não entendo... Se tem coelho, por que vendem ovos no mercado?
Eu não sei, mas acho que os ovos comprados são pra gente grande, sabe? Aquelas que não ganham mais do coelho...
E com quantos anos será que é a gente que tem que comprar?
Minha prima falou que é a mãe que coloca os ovos. Mas eu não sei se eu acredito porque a mãe não deixa eu comer chocolate...
Mas será que o ovo é o coco do coelho?
Hoje eu estava pensando sobre o amor, o 'verdadeiro amor'. E fiquei na mesma situação que as crianças. Será mesmo que ele existe? Tomara que eu e as crianças não cheguemos à mesma conclusão!
Pois é, eu não entendo... Se tem coelho, por que vendem ovos no mercado?
Eu não sei, mas acho que os ovos comprados são pra gente grande, sabe? Aquelas que não ganham mais do coelho...
E com quantos anos será que é a gente que tem que comprar?
Minha prima falou que é a mãe que coloca os ovos. Mas eu não sei se eu acredito porque a mãe não deixa eu comer chocolate...
Mas será que o ovo é o coco do coelho?
Hoje eu estava pensando sobre o amor, o 'verdadeiro amor'. E fiquei na mesma situação que as crianças. Será mesmo que ele existe? Tomara que eu e as crianças não cheguemos à mesma conclusão!
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domingo, 4 de abril de 2010
Afora a flor, não existe amor perfeito
Ela queria falar, mas era preciso estar junto para estravasar. Eles nunca mais se viram. Os hematomas já haviam desaparecido, bem como o perfume, a marca. Ficou a saudade. Um dia ele falou que se ela escrevesse para ele, ao ler ele saberia. Nem sequer tinha certeza de que ainda estava viva em sua vida, de que ele olharia para sua sopa de letrinhas, mas resolveu tentar.
Ouviu a música e pensou que palavras que não lhe pertenciam falavam de sentimentos que faziam parte dela. Nunca gostou de sofrimento. Achou triste ter que admitir que se era assim, tudo bem, partiria para outra. Em alguns momentos é preciso ter coragem e ser mulher para buscar o novo. "O amor é puro sentimentalismo, mas é possível ser racional", pensou.
"Você está me dando um fora?", ele reagiu, depois de dias sem um sinal. "Não. Você me deu um fora. Eu estou apenas aceitando-o", ela respondeu.
Com tristeza ela lhe devolveu o que ele deixara para que ele não tivesse outro motivo para voltar senão ela, senão a sua companhia, senão o seu desejo. Não disse, mas pensou que se um dia ele quiser voltar, abriria a porta com o mesmo sorriso, tentariam de outro jeito, pois, afora a flor, não existe amor perfeito.
Afora a flor
Fiz uma surpresa pra você
Mas acho que você não se agradou
Tentei mais de uma vez e você nem ligou
Será que o nosso fogo apagou?
Fiz um novo penteado e você nem notou
Passou direto
Fiz seu doce predileto
E dele você nem provou
Desanimei parei de tentar
Mas nem assim você me nota
Acho mesmo que você não se importa
Tudo bem
Se é assim que tem que ser meu bem
Parto pra outra não vou me importar
Se de repente a gente se cruzar
Na rua e conversar
Tá feito
E se você quiser quiser tentar
Vamos tentar fazer de outro jeito
Afora a flor
Meu amor ô ô ô
Não existe amor perfeito
Música de Regina Souza e Zeca Baleiro, com autores assim, só poderia ser linda.
Ouviu a música e pensou que palavras que não lhe pertenciam falavam de sentimentos que faziam parte dela. Nunca gostou de sofrimento. Achou triste ter que admitir que se era assim, tudo bem, partiria para outra. Em alguns momentos é preciso ter coragem e ser mulher para buscar o novo. "O amor é puro sentimentalismo, mas é possível ser racional", pensou.
"Você está me dando um fora?", ele reagiu, depois de dias sem um sinal. "Não. Você me deu um fora. Eu estou apenas aceitando-o", ela respondeu.
Com tristeza ela lhe devolveu o que ele deixara para que ele não tivesse outro motivo para voltar senão ela, senão a sua companhia, senão o seu desejo. Não disse, mas pensou que se um dia ele quiser voltar, abriria a porta com o mesmo sorriso, tentariam de outro jeito, pois, afora a flor, não existe amor perfeito.
Afora a flor
Fiz uma surpresa pra você
Mas acho que você não se agradou
Tentei mais de uma vez e você nem ligou
Será que o nosso fogo apagou?
Fiz um novo penteado e você nem notou
Passou direto
Fiz seu doce predileto
E dele você nem provou
Desanimei parei de tentar
Mas nem assim você me nota
Acho mesmo que você não se importa
Tudo bem
Se é assim que tem que ser meu bem
Parto pra outra não vou me importar
Se de repente a gente se cruzar
Na rua e conversar
Tá feito
E se você quiser quiser tentar
Vamos tentar fazer de outro jeito
Afora a flor
Meu amor ô ô ô
Não existe amor perfeito
Música de Regina Souza e Zeca Baleiro, com autores assim, só poderia ser linda.
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sexta-feira, 2 de abril de 2010
Classificado e Confissão à Damasius
Procura-se um homem xarope e com mão boa.
Atribuições: curar minha gripe e meu torcicolo.
***********
Confissão à Damasius (à moda de Damasius, com crase... "Confissão em uma linha" e não para Damasius)
Confesso, nesta Páscoa, sou muito mais o coelho do que os chocolates...
Atribuições: curar minha gripe e meu torcicolo.
***********
Confissão à Damasius (à moda de Damasius, com crase... "Confissão em uma linha" e não para Damasius)
Confesso, nesta Páscoa, sou muito mais o coelho do que os chocolates...
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Páscoa
segunda-feira, 22 de março de 2010
Epitáfio III - Boneca namoradeira
Nem toda Carolina é namoradeira
Mas toda boneca namoradeira é Carolina
Aqui jaz Carolina,
Que namorados teve poucos
Mas como uma boneca nordestina,
Passou a vida debruçada na janela a contemplar
Com um olhar à Monalisa,
Ninguém sabe o que a fazia ficar
Sorrindo em sua janela,
Nem viu o tempo passar.
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segunda-feira, 8 de março de 2010
Presente no dia da mulher?
Não quero ser mulher homenageada, não quero ganhar presente.
Não quero rosas cultivadas sem amor.
Quero ser mulher presente...
Presente para fazer as mudanças nas quais eu acredito, presente na vida de quem é importante para mim, presente nos sonhos de quem sonha comigo.
Não quero rosas cultivadas sem amor.
Quero ser mulher presente...
Presente para fazer as mudanças nas quais eu acredito, presente na vida de quem é importante para mim, presente nos sonhos de quem sonha comigo.
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terça-feira, 2 de março de 2010
Uma pedra, uma gota, uma vida
No meio do caminho havia uma pedra.
Hoje ela compreendeu o poema. Tinha muito trabalho a fazer. Colocou uma música clássica porque nada mais a agradava. Qualquer palavra interrompia o fluxo dos seus pensamentos. Entretanto, só conseguia prestar atenção na torneira que não fora bem fechada e pingava insistentemente. Então, ela pensou no caminho. Percebeu que por mais belo que ele fosse perdeu-se quando o poeta visualiou a pedra.
Surpreendeu-se, então, com a vida. Pareceu-lhe inédita a visão de que por muitas vezes deixou de lado os violinos e o caminho para ouvir gotas e vislumbrar as pedras.
Hoje ela compreendeu o poema. Tinha muito trabalho a fazer. Colocou uma música clássica porque nada mais a agradava. Qualquer palavra interrompia o fluxo dos seus pensamentos. Entretanto, só conseguia prestar atenção na torneira que não fora bem fechada e pingava insistentemente. Então, ela pensou no caminho. Percebeu que por mais belo que ele fosse perdeu-se quando o poeta visualiou a pedra.
Surpreendeu-se, então, com a vida. Pareceu-lhe inédita a visão de que por muitas vezes deixou de lado os violinos e o caminho para ouvir gotas e vislumbrar as pedras.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Eu compro uma bicicleta!
Ah, babe! Não confunda...
Não é porque eu sou para casar que eu quero casar!
Não é porque eu sou para casar que eu quero casar!
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Minha oração em dias de TPM
Houve um tempo em que eu ria das mulheres que falavam sobre TPM. Eu não tinha, não sabia o que era. Mas há alguns anos, talvez pelo incentivo psicológico das piadas, a TPM toma conta de mim. Sou do tipo "Tocou , Perguntou , Morreu".
Então, num momento de inspiração, reuni meus desejos numa oração para exorcizar o espírito do mau e garantir a sobrevivência de quem está por perto.
*
*
*
*
Senhor, salve as pessoas que estão a minha volta.
O diabo da TPM é mais forte do que eu.
Dá-lhes juízo para não me desafiarem.
Que ninguém sorria com sarcasmo ou me olhe de lado nestes sete dias.
Faça-me forte diante de uma barra de chocolate, uma coca normal gelada ou um freezer de sorvete.
Que surjam em minha frente apenas produtos lights.
Desvia-me do caminho das vitrines, mas se for inevitável, não me deixe estourar o limite do cartão.
Dá-me discernimento para não comprar qualquer roupa só porque está em promoção
E boas fofocas para aliviar a tensão.
Faça com que ele dê-me um sorriso e seja gentil.
Que alguns homens bonitos cruzem o meu caminho desacompanhados, para eu lembrar que o Senhor existe e agradecer;
Não deixe que aquela amiga chata me ligue ou fale comigo no msn.
Permita que meu cabelo esteja com o volume certo
E mantenha as tesouras longe de mim.
Que um romance inédito esteja sempre à disposição na locadora para justificar minhas lágrimas.
Que eu nunca passe o 14º dia sozinha, pois a energia acumulada tem potencial para grandes catástrofes.
Coloca em minha frente apenas os espelhos que emagrecem.
Que o meu rímel e lápis nunca borrem,
E que a minha testa não fique enrugada.
Dá-me força para vencer a preguiça e me exercitar.
Senhor, não me deixe inchar mais do que três quilos,
E que eu caiba na calça jeans que eu desejo vestir.
Abençoe o criador do absorvente, do desodorante e da cera depilatória.
Que nos próximos dias eu não tenha cólicas
E que nunca, jamais, em hipótese alguma, desça para mim quando eu estiver sem O.B. na bolsa! Amém.
Anexo:
As melhores definições de TPM que já vi:
"TPM é a época do mês em que algumas mulheres se comportam, por alguns dias, da maneira como grande parte dos homens se comporta durante o ano inteiro” - autor desconhecido, mas posso apostar que era uma mulher!
Todos Problemas Misturados;
Tendências a Pontapés e Murros;
Temporada Proibida para Machos;
Tire a Porcaria da Mão;
Tente no Próximo Mês;
Tô Pirada Mesmo;
Tempo Para Meditação;
Totalmente Pirada e Maluca;
Tendência Para Matar;
Tira as Patas Moleque;
Tenha Paciência Meu;
Todos os Problemas no Momento.
Então, num momento de inspiração, reuni meus desejos numa oração para exorcizar o espírito do mau e garantir a sobrevivência de quem está por perto.
*
*
*
*
Senhor, salve as pessoas que estão a minha volta.
O diabo da TPM é mais forte do que eu.
Dá-lhes juízo para não me desafiarem.
Que ninguém sorria com sarcasmo ou me olhe de lado nestes sete dias.
Faça-me forte diante de uma barra de chocolate, uma coca normal gelada ou um freezer de sorvete.
Que surjam em minha frente apenas produtos lights.
Desvia-me do caminho das vitrines, mas se for inevitável, não me deixe estourar o limite do cartão.
Dá-me discernimento para não comprar qualquer roupa só porque está em promoção
E boas fofocas para aliviar a tensão.
Faça com que ele dê-me um sorriso e seja gentil.
Que alguns homens bonitos cruzem o meu caminho desacompanhados, para eu lembrar que o Senhor existe e agradecer;
Não deixe que aquela amiga chata me ligue ou fale comigo no msn.
Permita que meu cabelo esteja com o volume certo
E mantenha as tesouras longe de mim.
Que um romance inédito esteja sempre à disposição na locadora para justificar minhas lágrimas.
Que eu nunca passe o 14º dia sozinha, pois a energia acumulada tem potencial para grandes catástrofes.
Coloca em minha frente apenas os espelhos que emagrecem.
Que o meu rímel e lápis nunca borrem,
E que a minha testa não fique enrugada.
Dá-me força para vencer a preguiça e me exercitar.
Senhor, não me deixe inchar mais do que três quilos,
E que eu caiba na calça jeans que eu desejo vestir.
Abençoe o criador do absorvente, do desodorante e da cera depilatória.
Que nos próximos dias eu não tenha cólicas
E que nunca, jamais, em hipótese alguma, desça para mim quando eu estiver sem O.B. na bolsa! Amém.
Anexo:
As melhores definições de TPM que já vi:
"TPM é a época do mês em que algumas mulheres se comportam, por alguns dias, da maneira como grande parte dos homens se comporta durante o ano inteiro” - autor desconhecido, mas posso apostar que era uma mulher!
Todos Problemas Misturados;
Tendências a Pontapés e Murros;
Temporada Proibida para Machos;
Tire a Porcaria da Mão;
Tente no Próximo Mês;
Tô Pirada Mesmo;
Tempo Para Meditação;
Totalmente Pirada e Maluca;
Tendência Para Matar;
Tira as Patas Moleque;
Tenha Paciência Meu;
Todos os Problemas no Momento.
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Oração; TPM; O.B.; definição de TPM
My (old fashioned) top hits
Outro dia me disseram que eu tenho músicas para quem mora sozinho. Am I lonely, babe?
I don't know...
São as músicas que eu gosto, aquelas que eu escuto em casa, no carro, no barzinho. Gosto de gaúcho, forró e sertanejo para dançar!
Descobri outro dia o Trash pour 4, o qual pela quantidade de cds não deve ser tão novo. Eu estou absolutamente apaixonada pelas versões de Material girl; The raindrops are falling on my head; Like a virgin; Quizás, quizás, quizás; e I touch myself, dentre outras que eu tenho escutado exaustivamente.
Este 'escutar exaustivamente' é um dos meus problemas musicais. Escuto tanto um cd que fico enjoada dele. Isso já aconteceu com álbuns do Leoni, Marisa, Oswaldo, Fernanda Takae, Carla Bruni, Skank, Alanis, Celine, Nat King Kole e tantos outros.
A versão do Daniel Boaventura de If está rolando agora... Quando eu era adolescente, descobri esta música, ainda na sua primeira versão, interpretada por Bread. Quando aprendi a falar inglês, descobri que a música era tão linda quanto eu eu a pintava nas noites em que adormecia ouvindo-a no discman. Foi bom redescobri-la!
Não posso deixar de creditar boa parte do meu gosto musical à rádio Lumen, de Curitiba, que ouço na internet. Eu gosto também de músicas antigas. Tenho uma lista de top hits bastante old fashioned - nem tanto por serem velhas, mas por serem um tanto fora de moda. But it's all right, I'll listen to them anyway!
Esta mania de escutar a mesma música em períodos diferentes faz com que eu tenha uma memória musical. Se ouço Sozinho - do Caetano, lembro de um amigo que a tocava no violão. Se está rolando New York, New York logo vem à lembrança uma apresentação num show de calouros de intercambistas num dos nossos últimos encontros. Essa apresentação certamente foi a versão com a maior diversidade de sotaques que esta música já teve. Dos que eu lembro, havia brasileiro, chinês, japonês, tailandês, russo, chileno, argentino, alemão...
Leoni lembra a faculdade, minha casa azul e como eu a limpava, estudava, lavava a louça e fazia tudo cantarolando "a fila que eu escolho vai sempre andar mais devagar, o troco acaba bem na hora em que eu vou pagar". O Teatro Mágico não me lembra exatamente uma situação, mas também foi uma das minhas descobertas musicais mais felizes.
Até alguns dias atrás eu estava viciada em Marcelo Camelo. Descobri que cansei um pouco dele quando estava pedalando e parei para trocar de música...
Outro dia coloquei a culpa das minhas desventuras, especialmente as amorosas, nas músicas que ouço. Onde já se viu começar qualquer relacionamento ouvindo alguém cantarolar "Eu quis te conhecer, mas tenho que aceitar que caberá ao nosso amor o eterno não dá"?. O universo nos ouve ou não? Ou então, quem é que vai para frente com o insconsciente cantando "se eu me distraio um único instante, pode apostar que eu perco o mais importante".
Gosto também de música clássica. Estas não podem ter culpa nenhuma, pois fazem com que eu pense no que desejo, eu as escuto com os ouvidos, coração e mente. Entretanto, se as minhas desventuras forem culpas das músicas que ouço, vão aparecer sempre, pois música é o vício que não largo!
No vídeo abaixo, Baby, can I hold you tonight - na versão Trash pour 4, é claro! Talvez seja também algum desejo inconsciente, vamos ver o que me diz o universo!
I don't know...
São as músicas que eu gosto, aquelas que eu escuto em casa, no carro, no barzinho. Gosto de gaúcho, forró e sertanejo para dançar!
Descobri outro dia o Trash pour 4, o qual pela quantidade de cds não deve ser tão novo. Eu estou absolutamente apaixonada pelas versões de Material girl; The raindrops are falling on my head; Like a virgin; Quizás, quizás, quizás; e I touch myself, dentre outras que eu tenho escutado exaustivamente.
Este 'escutar exaustivamente' é um dos meus problemas musicais. Escuto tanto um cd que fico enjoada dele. Isso já aconteceu com álbuns do Leoni, Marisa, Oswaldo, Fernanda Takae, Carla Bruni, Skank, Alanis, Celine, Nat King Kole e tantos outros.
A versão do Daniel Boaventura de If está rolando agora... Quando eu era adolescente, descobri esta música, ainda na sua primeira versão, interpretada por Bread. Quando aprendi a falar inglês, descobri que a música era tão linda quanto eu eu a pintava nas noites em que adormecia ouvindo-a no discman. Foi bom redescobri-la!
Não posso deixar de creditar boa parte do meu gosto musical à rádio Lumen, de Curitiba, que ouço na internet. Eu gosto também de músicas antigas. Tenho uma lista de top hits bastante old fashioned - nem tanto por serem velhas, mas por serem um tanto fora de moda. But it's all right, I'll listen to them anyway!
Esta mania de escutar a mesma música em períodos diferentes faz com que eu tenha uma memória musical. Se ouço Sozinho - do Caetano, lembro de um amigo que a tocava no violão. Se está rolando New York, New York logo vem à lembrança uma apresentação num show de calouros de intercambistas num dos nossos últimos encontros. Essa apresentação certamente foi a versão com a maior diversidade de sotaques que esta música já teve. Dos que eu lembro, havia brasileiro, chinês, japonês, tailandês, russo, chileno, argentino, alemão...
Leoni lembra a faculdade, minha casa azul e como eu a limpava, estudava, lavava a louça e fazia tudo cantarolando "a fila que eu escolho vai sempre andar mais devagar, o troco acaba bem na hora em que eu vou pagar". O Teatro Mágico não me lembra exatamente uma situação, mas também foi uma das minhas descobertas musicais mais felizes.
Até alguns dias atrás eu estava viciada em Marcelo Camelo. Descobri que cansei um pouco dele quando estava pedalando e parei para trocar de música...
Outro dia coloquei a culpa das minhas desventuras, especialmente as amorosas, nas músicas que ouço. Onde já se viu começar qualquer relacionamento ouvindo alguém cantarolar "Eu quis te conhecer, mas tenho que aceitar que caberá ao nosso amor o eterno não dá"?. O universo nos ouve ou não? Ou então, quem é que vai para frente com o insconsciente cantando "se eu me distraio um único instante, pode apostar que eu perco o mais importante".
Gosto também de música clássica. Estas não podem ter culpa nenhuma, pois fazem com que eu pense no que desejo, eu as escuto com os ouvidos, coração e mente. Entretanto, se as minhas desventuras forem culpas das músicas que ouço, vão aparecer sempre, pois música é o vício que não largo!
No vídeo abaixo, Baby, can I hold you tonight - na versão Trash pour 4, é claro! Talvez seja também algum desejo inconsciente, vamos ver o que me diz o universo!
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Micos sobre duas rodas
Se eu tivesse nascido numa família circence, certamente seria palhaça. Pois pagar mico é minha especialidade.
Acordei disposta a forçar um pouco minha bike (a coitada anda tão fora de forma!) e fui pedalar. Depois que voltei fui consultar e o google e ele me disse que a rota que eu fiz era de 7km. Considerando que eu dei uma voltinha antes, dá para acrescentar mais 1km e multiplicar tudo por dois, considerando ida e volta.
Estavámos eu e a magrela ouvindo Trash pour 4 - minha nova banda predileta - quando, de repente, vi que estava vindo uma passeata. Havia carro de polícia na frente e tudo. Até que veio a constatação: Passeata que nada, era um passeio ciclístico! E eu estava indo no lado contrário!
Umas 100 bicicletas vindo e eu indo. A galera (eu não vi sequer uma mulher) não perdeu a oportunidade de rir e mexer comigo: "Você está no lado errado", disse um. "O gata, vem com a gente", gritou outro. "Ei, passe pro lado de cá"... e assim por diante. Eles estavam todos bonitos e formosos. Eu, suada e acabada.
De todos, talvez eu conhecesse cinco. Outros 10 eu posso ter visto pedalando e devo ter olhado para suas pernas de ciclistas...
Ah! Se eu pudesse me esconder!
Fui rindo da situação por pelo menos um quilômetro até que cheguei a um trecho em que o asfalto estava sendo recapado. Eu segui pelo acostamento ignorando qualquer coisa que acontecesse a minha volta. Respirei fundo, passei pelo caminhão de pixe e cerca de 10 homens que estavam ali trabalhando. Ele estava estacionado bem no início de uma subida. Fui trocar de marcha para subir mais confortavelmente e, adivinhem? Lógico que a magrela fora de forma me deixou na mão e deixou escapar a correia. Por pouco não cai. A empurrei até o estacionamento de uma loja, cerca de 5 metros adiante, e tive que sujar minhas mãozinhas. Não ousei olhar para trás, mas tenho certeza que eles riram. Como eu não me entrego facilmente, consertei a danada e continuei o passeio.
Segui adiante e dei de cara com algum torneio amador de futebol. Os homens da cidade que não estavam trabalhando ou andando de bicicleta estavam por lá. E uma mulher passando por tantos homens, mesmo sendo do tipo feia como eu, chama a atenção. Assobios e gracejos que não entendi se juntaram à versão de Quizás, Quizás, Quizas que estava tocando no fone. Respirei e segui.
Cheguei na faculdade, meu destino. Tomei água e voltei. Depois de tanta emoção, na última subida achei que não aguentaria mais. A descida para casa foi compensadora. O banho foi tudo de bom. E a soneca que vou tirar agora certamente será relaxante!
Pensei em não sair mais de casa neste domingo, afinal creio que há um limite diário de micos que uma pessoa pode pagar. Mas li minha sorte de hoje e pensei que talvez eu esteja no caminho certo: "ótimo dia para fazer amizades". Pensando bem, talvez esteja na hora de ver quem saiu campeão do torneio de futebol!
Acordei disposta a forçar um pouco minha bike (a coitada anda tão fora de forma!) e fui pedalar. Depois que voltei fui consultar e o google e ele me disse que a rota que eu fiz era de 7km. Considerando que eu dei uma voltinha antes, dá para acrescentar mais 1km e multiplicar tudo por dois, considerando ida e volta.
Estavámos eu e a magrela ouvindo Trash pour 4 - minha nova banda predileta - quando, de repente, vi que estava vindo uma passeata. Havia carro de polícia na frente e tudo. Até que veio a constatação: Passeata que nada, era um passeio ciclístico! E eu estava indo no lado contrário!
Umas 100 bicicletas vindo e eu indo. A galera (eu não vi sequer uma mulher) não perdeu a oportunidade de rir e mexer comigo: "Você está no lado errado", disse um. "O gata, vem com a gente", gritou outro. "Ei, passe pro lado de cá"... e assim por diante. Eles estavam todos bonitos e formosos. Eu, suada e acabada.
De todos, talvez eu conhecesse cinco. Outros 10 eu posso ter visto pedalando e devo ter olhado para suas pernas de ciclistas...
Ah! Se eu pudesse me esconder!
Fui rindo da situação por pelo menos um quilômetro até que cheguei a um trecho em que o asfalto estava sendo recapado. Eu segui pelo acostamento ignorando qualquer coisa que acontecesse a minha volta. Respirei fundo, passei pelo caminhão de pixe e cerca de 10 homens que estavam ali trabalhando. Ele estava estacionado bem no início de uma subida. Fui trocar de marcha para subir mais confortavelmente e, adivinhem? Lógico que a magrela fora de forma me deixou na mão e deixou escapar a correia. Por pouco não cai. A empurrei até o estacionamento de uma loja, cerca de 5 metros adiante, e tive que sujar minhas mãozinhas. Não ousei olhar para trás, mas tenho certeza que eles riram. Como eu não me entrego facilmente, consertei a danada e continuei o passeio.
Segui adiante e dei de cara com algum torneio amador de futebol. Os homens da cidade que não estavam trabalhando ou andando de bicicleta estavam por lá. E uma mulher passando por tantos homens, mesmo sendo do tipo feia como eu, chama a atenção. Assobios e gracejos que não entendi se juntaram à versão de Quizás, Quizás, Quizas que estava tocando no fone. Respirei e segui.
Cheguei na faculdade, meu destino. Tomei água e voltei. Depois de tanta emoção, na última subida achei que não aguentaria mais. A descida para casa foi compensadora. O banho foi tudo de bom. E a soneca que vou tirar agora certamente será relaxante!
Pensei em não sair mais de casa neste domingo, afinal creio que há um limite diário de micos que uma pessoa pode pagar. Mas li minha sorte de hoje e pensei que talvez eu esteja no caminho certo: "ótimo dia para fazer amizades". Pensando bem, talvez esteja na hora de ver quem saiu campeão do torneio de futebol!
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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Jogo - narradora quase profissional!
Quem imaginou que seria hilário acertou! Quem não está entendendo nada deve ler o post abaixo antes de prosseguir.
Minha carreira como narradora de futebol em inglês é mais promissora que a de jornalista atualmente!
Foi engraçado demais! Imaginem a situação!
Levei uma cúmplice, é claro! Sentamos no lugar mais alto da arquibancada e logo um alemão me ligou. Ficamos no telefone o jogo inteiro, com direito a 10 minutos de intervalo. Ele não era antipático, mas não dava corda quando eu tentava conversar algo além do jogo.
Match started, anunciei eu. O Iraty era o home team da minha narração. O adversário era o away team.
Então seguiram as frases para indicar o que estava acontecendo: Home danger... Away danger... Player injured... Home yellow card... Away yellow card.... E a homarada em volta de mim olhava com um ar de deboche. Eles cochichavam. Imagino que eles falavam um para o outro que eu era maluca. "É uma lunática! Acha que está transmitindo o jogo para o exterior", eles deviam comentar.
O mais triste de tudo é que o jogo estava tosco, parado. Neste caso, quando nenhum time estava atacando, cobrando falta, nenhum jogador estava machucado ou nada atípico estava acontecendo, a cada 10 segundos - para que a empresa soubesse que eu ainda estava lá - eu deveria dizer SAFE. E eu parecia um papagaio falando safe, safe, safe, safe, safe... Às vezes eu variava e dizia: still safe.
Agora eu e Raquel já temos uma nova gíria. Quando as coisas estiverem meio paradas, sem novidades, elas estarão safe!
Depois de um tempo o meu interlocutor começou a rir de mim, da minha vibração. Pois eu tenho que admitir que foi a partida na qual eu mais prestei atenção e me envolvi. Eu expliquei que os dois times estavam jogando muito mal. Ele riu: "I can see that". Os torcedores ao meu lado, além de estarem indignados porque eu não parava de falar em inglês, ficavam fora de si quando me viam torcendo para o time adversário, mesmo estando no lado reservado aos torcedores do Iraty. Na verdade eu estava era torcendo para que a partida ficasse mais interessante, não importava de que forma.
Até agora eu ainda não entendi qual é a da empresa chinesa. Quem ficar curioso pode entrar e ver o site, http://spbo.com/live.htm. Com o tradutor do google dá para ver quais jogos estão rolando e tal. A ligação era internacional mesmo, então, não foi alguém me passando trote. Ou, se foi, era um milionário, pois é preciso ter grana para falar da Alemanha para o Brasil durante um jogo de futebol inteiro.
No final da partida meu simpático interlocutor disse: Great job! Have a nice evening! Somebody will call you about your payment. Bye!
Se o meu 'cenzão' vier mesmo, ficarei feliz e vou sair tomar umas com minha cúmplice! Ela merece!
Se não bastasse, no final da partida começou a chover. Ficamos as duas embaixo de uma sombrinha pequena, agarradinhas! Para não perder o bom humor eu a pedi em casamento. "Raque, eu sempre te amei, só estava aguardando o momento certo para te dizer isso. Acho que ele chegou, pois estamos aqui, molhadas, na chuva, agarradinhas". Ela disse que vai pensar. Alguns machistas ouviram e nos olharam com uma cara de 'era visto, mulher no estádio só poderia ser sapatão!'. Nos divertimos. Rimos muito.
Então, já a uma quadra do estádio, lembrei que talvez meu primo estivesse por lá. Dito e feito, o vimos entrando no carro. Saimos correndo, gritando, pedindo carona. Ficamos a menos de dois metros dele e ele saiu, não nos viu - ou talvez esteja rindo até agora por ter nos deixado na chuva. Um ciclista que estava logo atrás de nós gargalhou ao ver a cena.
Para finalizar, quando já estávamos perto de casa, um arco íris surgiu no céu. Foi um brinde do céu à nossa união gay que terminou assim que a chuva parou de cair e nós desarmamos o guarda-chuva!
Foi um dia atípico! Se ninguém me ligar, se nada acontecer, ele termina aqui. Agora vou ver um filme porque hoje eu mereço ficar safe por um tempo!
Beijos
Minha carreira como narradora de futebol em inglês é mais promissora que a de jornalista atualmente!
Foi engraçado demais! Imaginem a situação!
Levei uma cúmplice, é claro! Sentamos no lugar mais alto da arquibancada e logo um alemão me ligou. Ficamos no telefone o jogo inteiro, com direito a 10 minutos de intervalo. Ele não era antipático, mas não dava corda quando eu tentava conversar algo além do jogo.
Match started, anunciei eu. O Iraty era o home team da minha narração. O adversário era o away team.
Então seguiram as frases para indicar o que estava acontecendo: Home danger... Away danger... Player injured... Home yellow card... Away yellow card.... E a homarada em volta de mim olhava com um ar de deboche. Eles cochichavam. Imagino que eles falavam um para o outro que eu era maluca. "É uma lunática! Acha que está transmitindo o jogo para o exterior", eles deviam comentar.
O mais triste de tudo é que o jogo estava tosco, parado. Neste caso, quando nenhum time estava atacando, cobrando falta, nenhum jogador estava machucado ou nada atípico estava acontecendo, a cada 10 segundos - para que a empresa soubesse que eu ainda estava lá - eu deveria dizer SAFE. E eu parecia um papagaio falando safe, safe, safe, safe, safe... Às vezes eu variava e dizia: still safe.
Agora eu e Raquel já temos uma nova gíria. Quando as coisas estiverem meio paradas, sem novidades, elas estarão safe!
Depois de um tempo o meu interlocutor começou a rir de mim, da minha vibração. Pois eu tenho que admitir que foi a partida na qual eu mais prestei atenção e me envolvi. Eu expliquei que os dois times estavam jogando muito mal. Ele riu: "I can see that". Os torcedores ao meu lado, além de estarem indignados porque eu não parava de falar em inglês, ficavam fora de si quando me viam torcendo para o time adversário, mesmo estando no lado reservado aos torcedores do Iraty. Na verdade eu estava era torcendo para que a partida ficasse mais interessante, não importava de que forma.
Até agora eu ainda não entendi qual é a da empresa chinesa. Quem ficar curioso pode entrar e ver o site, http://spbo.com/live.htm. Com o tradutor do google dá para ver quais jogos estão rolando e tal. A ligação era internacional mesmo, então, não foi alguém me passando trote. Ou, se foi, era um milionário, pois é preciso ter grana para falar da Alemanha para o Brasil durante um jogo de futebol inteiro.
No final da partida meu simpático interlocutor disse: Great job! Have a nice evening! Somebody will call you about your payment. Bye!
Se o meu 'cenzão' vier mesmo, ficarei feliz e vou sair tomar umas com minha cúmplice! Ela merece!
Se não bastasse, no final da partida começou a chover. Ficamos as duas embaixo de uma sombrinha pequena, agarradinhas! Para não perder o bom humor eu a pedi em casamento. "Raque, eu sempre te amei, só estava aguardando o momento certo para te dizer isso. Acho que ele chegou, pois estamos aqui, molhadas, na chuva, agarradinhas". Ela disse que vai pensar. Alguns machistas ouviram e nos olharam com uma cara de 'era visto, mulher no estádio só poderia ser sapatão!'. Nos divertimos. Rimos muito.
Então, já a uma quadra do estádio, lembrei que talvez meu primo estivesse por lá. Dito e feito, o vimos entrando no carro. Saimos correndo, gritando, pedindo carona. Ficamos a menos de dois metros dele e ele saiu, não nos viu - ou talvez esteja rindo até agora por ter nos deixado na chuva. Um ciclista que estava logo atrás de nós gargalhou ao ver a cena.
Para finalizar, quando já estávamos perto de casa, um arco íris surgiu no céu. Foi um brinde do céu à nossa união gay que terminou assim que a chuva parou de cair e nós desarmamos o guarda-chuva!
Foi um dia atípico! Se ninguém me ligar, se nada acontecer, ele termina aqui. Agora vou ver um filme porque hoje eu mereço ficar safe por um tempo!
Beijos
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Narradora de futebol em inglês - de Irati para a China!
Tem coisas que só acontecem com uma Carolina!
Às vezes eu penso que não pode ser verdade, que as coisas que acontecem comigo são pura imaginação. Mas se fossem simples 'estórias', acho que eu não teria criatividade suficiente para criá-las.
Ontem à noite estava perdendo um tempo na net e vi um post suspeito numa comunidade do orkut. Ele falava sobre a necessidade de uma pessoa para passar via telefone para uma empresa chinesa informações sobre um jogo do Campeonato Paranaense. As informações seriam enviadas em inglês e o informante faturaria R$ 100. A curiosidade não me deixou quieta e eu logo entrei em contato. Responderam imediatamente, me adicionaram no msn, me ligaram.
Resultado: hoje à tarde estarei no jogo, na beira do campo, passando informações sobre a partida em inglês! Eu que não entendo nada de futebol! Vamos ver no que isso vai dar...
Coisa de maluco!
Às vezes eu penso que não pode ser verdade, que as coisas que acontecem comigo são pura imaginação. Mas se fossem simples 'estórias', acho que eu não teria criatividade suficiente para criá-las.
Ontem à noite estava perdendo um tempo na net e vi um post suspeito numa comunidade do orkut. Ele falava sobre a necessidade de uma pessoa para passar via telefone para uma empresa chinesa informações sobre um jogo do Campeonato Paranaense. As informações seriam enviadas em inglês e o informante faturaria R$ 100. A curiosidade não me deixou quieta e eu logo entrei em contato. Responderam imediatamente, me adicionaram no msn, me ligaram.
Resultado: hoje à tarde estarei no jogo, na beira do campo, passando informações sobre a partida em inglês! Eu que não entendo nada de futebol! Vamos ver no que isso vai dar...
Coisa de maluco!
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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Por não estarem distraídos
Meu outro post nem esquentou, nem foi comentado.
Mas hoje eu queria Clarice, queria estar distraída, queria ler 'Por não estarem distraídos' como aquela sede que só cura com Coca gelada!
Então, coloco-o aqui para que vocês leiam comigo.
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.
No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.
Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
Clarice Lispector (como eu amo esta mulher!).
Mas hoje eu queria Clarice, queria estar distraída, queria ler 'Por não estarem distraídos' como aquela sede que só cura com Coca gelada!
Então, coloco-o aqui para que vocês leiam comigo.
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.
No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.
Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
Clarice Lispector (como eu amo esta mulher!).
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Voltando ao sol e à chuva
Hoje sonhei que conversava com Fernando Pessoa! Eu estava no ônibus e ele sentou-se ao meu lado. Contei a ele que gostava de suas poesias porque elas tinham ponto final, porque soavam definitivas.
Quando lembrei do sonho fui direto a um livro dele. Gostei tanto do que vi:
Uma vez amei, julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão -
Porque não tinha que ser.
Consolei-me voltando ao sol e à chuva,
E sentando-me outra vez à porta de casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
Como para os que o não são.
Sentir é estar distraído.
Fernando Pessoa é definitivamente definitivo! A sabedoria em aceitar o que é para ser ou não. Quantas vezes queremos entender o porquê das coisas e passamos horas pensando nisso? Quando, na verdade, para o amor, para ser amado, não há explicação. Simplesmente ama-se ou não. E quando o final de um relacionamento vem, temos a impressão de que o mundo está menos colorido. Porém, os campos são tão verdes para os que são amados quanto para os que não são. Tudo uma questão de percepção!
Então, baby, seja lá como for, voltemos ao sol e à chuva!
Quando lembrei do sonho fui direto a um livro dele. Gostei tanto do que vi:
Uma vez amei, julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão -
Porque não tinha que ser.
Consolei-me voltando ao sol e à chuva,
E sentando-me outra vez à porta de casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
Como para os que o não são.
Sentir é estar distraído.
Fernando Pessoa é definitivamente definitivo! A sabedoria em aceitar o que é para ser ou não. Quantas vezes queremos entender o porquê das coisas e passamos horas pensando nisso? Quando, na verdade, para o amor, para ser amado, não há explicação. Simplesmente ama-se ou não. E quando o final de um relacionamento vem, temos a impressão de que o mundo está menos colorido. Porém, os campos são tão verdes para os que são amados quanto para os que não são. Tudo uma questão de percepção!
Então, baby, seja lá como for, voltemos ao sol e à chuva!
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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
É mais fácil amar o retrato
Outro dia eu li e guardei esta citação. Peço perdão ao dono do blog que a apresentou a mim, pois não lembro o nome. Eu pensei em utilizá-la num momento propício. O momento ainda não chegou, mas é tão bonita que gostaria de partilhar:
"É mais fácil amar o retrato. Eu já disse que o que se ama é uma ´cena´. ´Cena´ é um quadro belo e comovente que existe na alma antes de qualquer experiência amorosa. A busca amorosa é a busca da pessoa que, se achada, irá completar a cena. Antes de te conhecer eu já te amava... E então, inesperadamente, nos encontramos com o rosto que já conhecíamos antes de o conhecer. E somos então possuídos pela certeza absoluta de haver encontrado o que procurávamos. A cena está completa. Estamos apaixonados". Rubem Alves
E para completar, Marcelo Camelo e Malu Magalhães, com Janta.
"É mais fácil amar o retrato. Eu já disse que o que se ama é uma ´cena´. ´Cena´ é um quadro belo e comovente que existe na alma antes de qualquer experiência amorosa. A busca amorosa é a busca da pessoa que, se achada, irá completar a cena. Antes de te conhecer eu já te amava... E então, inesperadamente, nos encontramos com o rosto que já conhecíamos antes de o conhecer. E somos então possuídos pela certeza absoluta de haver encontrado o que procurávamos. A cena está completa. Estamos apaixonados". Rubem Alves
E para completar, Marcelo Camelo e Malu Magalhães, com Janta.
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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Coisas da Maria
Maria: Amiga, tenho que te contar...
Amiga: Ixe! Tenho até medo!
Maria: Sabe o João?
Amiga: Sei... O que tem ele?
Maria: Então... a gente...(sorriso que diz tudo)
Amiga: Ah, não acredito! Ele não vale nada!
Maria: Eu sei! Mas eu quero ele pra mim, não é pra vender!
Amiga: Ixe! Tenho até medo!
Maria: Sabe o João?
Amiga: Sei... O que tem ele?
Maria: Então... a gente...(sorriso que diz tudo)
Amiga: Ah, não acredito! Ele não vale nada!
Maria: Eu sei! Mas eu quero ele pra mim, não é pra vender!
Tão simples
Às vezes é preciso tão pouco para tornar o mundo melhor.
Era uma festa de criança, repleta de brigadeiros, bolo, doces e outras delícias típicas. A criançada comia, corria, pulava nos brinquedos e depois bebia água, muita água.
Em outros aniversários eu já havia visto, mas nunca tinha entendido a cena. A avó de uma das crianças juntava todas as garrafas de água vazias. Ela saia sempre com um saco cheio e um sorriso no rosto.
Havia uma ao meu lado e eu a levei até ela, que a recebeu com uma alegria que até me constrangeu: "Que bom, mais uma! Eu trabalho numa escola e levo as garrafas para as crianças carentes! Elas ficam tão felizes! As que podem levam água na garrafinha e as que não podem ficam com sede até o recreio".
Uma atitude tão pequena, tão fácil de ser tomada, mas que faz toda a diferença para um grupo de pessoas. Tornar o mundo melhor não necessita de grandes feitos.
Na pequenez do ser humano, cada um pode mudar o dia de alguém. E talvez um pequeno exemplo seja tudo o que esta pessoa precisa para ser grandiosa.
Hoje é dia primeiro de fevereiro. Ainda temos 11 meses para mudar o mundo em 2010!
Era uma festa de criança, repleta de brigadeiros, bolo, doces e outras delícias típicas. A criançada comia, corria, pulava nos brinquedos e depois bebia água, muita água.
Em outros aniversários eu já havia visto, mas nunca tinha entendido a cena. A avó de uma das crianças juntava todas as garrafas de água vazias. Ela saia sempre com um saco cheio e um sorriso no rosto.
Havia uma ao meu lado e eu a levei até ela, que a recebeu com uma alegria que até me constrangeu: "Que bom, mais uma! Eu trabalho numa escola e levo as garrafas para as crianças carentes! Elas ficam tão felizes! As que podem levam água na garrafinha e as que não podem ficam com sede até o recreio".
Uma atitude tão pequena, tão fácil de ser tomada, mas que faz toda a diferença para um grupo de pessoas. Tornar o mundo melhor não necessita de grandes feitos.
Na pequenez do ser humano, cada um pode mudar o dia de alguém. E talvez um pequeno exemplo seja tudo o que esta pessoa precisa para ser grandiosa.
Hoje é dia primeiro de fevereiro. Ainda temos 11 meses para mudar o mundo em 2010!
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Dê tempo ao tempo
Passa, tudo passa.
Passa o conselho,
Passam as lágrimas,
Passa o passo,
Passo o poste,
Passa a posse.
Passa o que posso.
Passa o que penso.
Passado já passou.
Futuro não chegou.
Passou o amor,
Passou e não parou.
Passa o conselho,
Passam as lágrimas,
Passa o passo,
Passo o poste,
Passa a posse.
Passa o que posso.
Passa o que penso.
Passado já passou.
Futuro não chegou.
Passou o amor,
Passou e não parou.
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