Meu outro post nem esquentou, nem foi comentado.
Mas hoje eu queria Clarice, queria estar distraída, queria ler 'Por não estarem distraídos' como aquela sede que só cura com Coca gelada!
Então, coloco-o aqui para que vocês leiam comigo.
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.
No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.
Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
Clarice Lispector (como eu amo esta mulher!).
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
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6 fizeram a Carol feliz...:
Uau,Carol!
Também amoooo Clarice!
Obrigada por visitar o Le Poete.Gostei do teu cantinho,a começar pelo nome.
Bjs!
Carol Sakurá
Menina, eu diria ue é necessário de um misto de obrigação e distraimento, pois não adianta querer transformar o relacionamento numa obrigação, pois ai não rola, ambos tem de sentir conectados ao sentimentos não ao relógio...
Fique com Deus, menina Carol.
Um abraço.
que bom voltar aqui.
Tenha um ótinmo carnaval.
Maurizio
Uma grande escritora!
é que as coisas acontecem quando menos se espera né...
Mas, como diria Martha Medeiros...
eu estou menos esperando faz tempo,
huiahuiahuiaaa
Eu tenho sede é das palavras da Clarice.
Beijo,
ℓυηα
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