terça-feira, 6 de junho de 2023

Epitáfio à moda de Sabino

Aqui jaz a Carolina, que nasceu mulher e morreu menina.

domingo, 4 de junho de 2023

Além do dendê

Findei ontem meu primeiro semestre letivo e amanhã começo a ministrar um curso de férias.

Eu vim à Bahia para ensinar os "ei, bi, cis", mas, até então, eu pouco ensinei e muito aprendi.

O tempo aqui corre diferente. O sol levanta cedo para fazer brilhar a Bahia, suas baías e os lindos baianos e baianas.

Os ponteiros do meu relógio precisaram entender que o tempo pode ser mais lento ou muitíssimo acelerado. Há muito a se fazer e mais ainda a se viver.

A vida é leve e o tempero é forte: É coentro, pimenta e carinho para dar sabor e cheiro às panelas. Provei as frutas que até então só conhecia na música de Alceu Valença.

São João me puxa pela mão para bailar forró, sentir cheiro de lenha ardendo na fogueira e ver o vento brincar com as bandeirinhas coloridas sob o céu azul.

Virei “flor”, “amor”, “meu rei” e “meu dengo”... Virei "pró"... E não há nota que não se arredonde [mentira!] e coração que não derreta quando vem alguém com o rostinho de lado e os olhos medrosos enunciando: "Ô pró, deixa eu lhe dizer...".

O abraço virou um cheiro... E como abraçar me cheira bem! (Com o perdão do trocadilho!)

Passei a desejar crianças que chamem de "mainha".

Aprendi a ter galhardia com quem negocia saídas para os estudos junto aos seus patrões, nos pequenos comércios alvoroçados, que funcionam das sete da manhã às sete da noite,  comandados por gente muito trabalhadeira.

A vida é uma professora muito melhor do que eu e insiste em me fazer ver que aquilo que eu ignoro é muito maior do que o pouco que eu sei.