O alto das árvores perde a cor
Para pintar o chão
Com a beleza morta das folhas
De uma natureza viva
Quatro estações,
Mais um ano igual
Frio, vento, chuva e, enfim, verão
Mas a flor não é a mesma
Caíram as folhas, mudaram as pétalas,
A cor, a essência
No outono da alma, a estação pouco importa
Vem primavera, chegam as flores
Mas para a alma em outono,
Não há amores
Sentimento desfolhado e sem beleza
No outono da alma,
Tudo é tristeza
*Esta postagem faz parte da iniciativa Espaço Aberto - http://um-blog-para-todos.blogspot.com/ - que propôs o tema "outono" para todos os blogueiros participantes neste dia 30.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
sábado, 24 de abril de 2010
terça-feira, 20 de abril de 2010
Colecionando tombos
Há quem colecione moedas, selos, amores. Eu coleciono tombos. Os meus e os alheios. É preciso ser original, minha gente!
Quem me conhece bem, ou sabe dos meus tombos ou já teve a sorte de presenciar algum deles. Não seio que é isso de cair, mas caio com uma frequência maior que a maioria dos seres que vivem em perfeito equilíbrio no (e com o) universo. Quando vejo um homem bonito, uma situação que me tira do salto ou uma vitrine irresistível, rezo para nossa senhora da bicicletinha pedindo equilíbrio. Mas ela falhou comigo. Falhou feio e no meio de transporte que faz parte do seu nome.
Ontem eu alegrei um pedreiro que voltava do trabalho. Já era início da noite, cheguei em casa mais cedo, estava calor e resolvi tirar a magrela para um passeio. Há uma avenida ainda em construção pela qual gosto de passar. Fazia cerca de 2 semanas que não pedalava para o lado de lá. Quando cheguei aos 200 metros que faltavam para a conclusão da obra, percebi que foi uma péssima escolha. A futura rua estava cheia de pedras gigantescas, aquelas que vão antes da camada de asfalto. Vagarosamente fui trilhando meu caminho até que tive a infeliz ideia de pensar: "Putz, ou desço da bike ou caio". Mal terminei e o universo já conspirava a favor dos meus pensamentos. Quando percebi estava no chão. Se eu soubesse que o universo estava tão sincronizado comigo, teria me imaginado milionária. A primeira atitude, é claro, foi olhar à minha volta. Havia um pedreiro vindo do trabalho, também ele em sua magrela. Quando eu já estava em pé e ele provavelmente conseguiu encontrar no seu cérebro o comando que segurava o riso, perguntou: "Machucou moça?". "Não, moço. Obrigada", respondi rindo de mim mesma. "Não está fácil andar por aqui mesmo. Essa prefeitura que começa as coisas e não termina...", disse ele, seguindo equilibradamente o seu caminho entre as pedras. Eu limpei o que pude da terra e graxa que ficou na minha roupa, pernas e braços e segui caminho. Não cai de propósito, mas agora que os hematomas já estão surgindo, dedico meu tombo àquele trabalhador. Ele que todos os dias deve chegar em casa cansado, ontem teve uma história engraçada para contar. Deve ter feito a família toda chorar de rir narrando a saga da gordinha vestida de esportista que não passou do chão, embora tenha tentado bravamente.
Quando ainda estava no colégio, eu estava matando educação física com meus amigos, sentada na quadra da escola. De repente, uma senhora gordinha, vestida de cor-de-rosa, que todos os dias passava por ali caminhando, inexplicavelmente, jogou-se de frente no chão. Ela caiu reta, como se não quisesse impedir o que ia acontecer. O único menino da roda gritou: "Madeeeeiiiiirrrraaaaaa". Pobrezinha! Nós brigamos com ele, perguntamos se ela havia se machucado. Ela seguiu o seu caminho envergonhada e quando virou a esquina gargalhamos até o estômago doer.
Quando eu estava na faculdade, eu tinha uma aluna particular de inglês em casa, fora as turmas da escola, que ficava a quatro ou cinco quadras da minha casa. Um dia marcamos uma aula com 20 minutos de intervalo entre a minha última aula na escola e a dela, em minha casa. O tempo era suficiente, mas eu não havia lavado a louça e precisava andar rápido. Escolhi uma rua menos movimentada e que não fazia parte do meu trajeto habitual. Estava com as mãos cheias de livros. Uma calçada linda e sem degraus à minha frente. Três estudantes do outro lado da rua andavam conversando. Até que a calçada linda transformou-se num abismo grande o suficiente para que meu pé entrasse, encaixasse e eu caísse. Serviço de pedreiro preguiçoso! Em vez de colocar um cano e cobrir com cimento para que a água da chuva escorresse para a rua, o sem vergonha moldou a calçada como um cano cortado ao meio --------u---------. Caí como a mulher de cor-de-rosa. Os estudantes riram. Juntei meus livros e prossegui. Minha aluna era arquieteta da prefeitura e ao ver o meu braço esfolado perguntou o que aconteceu. Eu contei a história e ela disse que iria averiguar, que aquilo era perigoso, que a calçada ficava ao lado de uma escola - a escola dos filhos dela. Nunca mais passei por lá para conferir o resultado.
Também já caí na rampa do cinema da faculdade perto dos meus colegas - felizmente foi no quarto ano e já tínhamos histórias mais embaraçosas do que aquele tombo, caso contrário, desistiria do curso pela vergonha. O último desabamento antes da bike foi no Natal. Caí da escada de casa, fiquei com o bumbum tão roxo que não pude usar roupa clara por três semanas. Há um ano, mais ou menos, usando meu novo tamanco de salto anabela e super alto, chique de doer, eu caí ao atravessar a linha do trem que passa pelo centro desta cidade e que me causa arrepios desde então.
Nossa senhora da bicicletinha também falhou comigo quando eu era criança. Fazia pouco tempo que eu tinha ganho minha Ceci, rosa, com cestinha. Eu deveria ter mais ou menos 9 anos. Eu morava numa descida, a última casa da rua. Minha diversão era subir até a esquina oposta, descer pedalando até a metade da rua para ganhar mais velocidade e frear quase em frente ao portão, que estaria aberto e eu entraria correndo, parando pouco antes de bater no carro que estava na garagem. Certa feita, depois de já ter repetido o trajeto umas 10 vezes, ao chegar na divisa da casa da vizinha onde eu freava, o breque falhou. Em vez de segurar firme o guidão, virar a esquina e esperar o embalo acabar, ergui as duas mãos, segurei a cabeça e gritei lindamente desesperada: "Manheeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee". Ela estava lavando roupa, saiu correndo, estava de avental. Meu pai estava na sala. Também correu. quando chegaram, por sorte ou azar, a bicicleta sozinha foi até a cerca e se encaixou. Claro que isso não foi sutilmente. Minha testa também estava grudada na cerca. Fiquei traumatizada e durante o restante da semana não corri na descida. Depois que o freio ganhou minha confiança novamente e que eu já tinha um plano B, perdi as contas de quantas vezes repeti as pedaladas radicais.
Outra vez eu, minha irmã e prima estavamos em casa vendo filmes. Vale salientar que tínhamos entre 18 e 25 anos. Não sei porque, no intervalo entre um filme e outro eu saí correndo atrás da minha irmã. Ela viu um frasco de veneno, pegou, apontou para mim e fez "tchiiiii" com a boca. Eu caí como uma mosca. Dois dias depois que elas pararam de rir, disseram que foi em câmera lenta, coisa bonita de se ver. Até hoje as duas ainda riem sozinhas na cama antes de dormir quando lembram da história.
No ano passado, minha mãe foi descer a escada já mencionada. Mas ela estava com uma enorme bacia com roupas para pendurar no varal. Quando ainda faltavam dois degraus, ela achou que a escada havia terminado e saiu caminhando pelo ar. Largou a roupa ali mesmo, subiu engatinhando, encontrou o telefone e ligou para o meu pai que estava trabalhando. "Caí da escada", disse ela, chorandinho. "Machucou? Se quebrou?", ele perguntou preocupado. "Acho que não", respondeu ela. Enxugou as lágrimas de susto, levantou e foi pendurar a roupa. Hoje em dia só leva roupa para o varal em baldes e com uma mão livre para segurar no corrimão (que sempre esteve ali).
Duvido que alguém tenha lido tudo isso. Um texto muito longo e inútil, que como eu, em breve cairá no esquecimento...
Eu sei que tudo isso nada mais é do que uma provação para medir o tamanho da minha fé. Então, para provar que ela é inabalável, repito: "Minha nossa senhora da bicicletinha, dai-me equilíbrio".
Quem me conhece bem, ou sabe dos meus tombos ou já teve a sorte de presenciar algum deles. Não seio que é isso de cair, mas caio com uma frequência maior que a maioria dos seres que vivem em perfeito equilíbrio no (e com o) universo. Quando vejo um homem bonito, uma situação que me tira do salto ou uma vitrine irresistível, rezo para nossa senhora da bicicletinha pedindo equilíbrio. Mas ela falhou comigo. Falhou feio e no meio de transporte que faz parte do seu nome.
Ontem eu alegrei um pedreiro que voltava do trabalho. Já era início da noite, cheguei em casa mais cedo, estava calor e resolvi tirar a magrela para um passeio. Há uma avenida ainda em construção pela qual gosto de passar. Fazia cerca de 2 semanas que não pedalava para o lado de lá. Quando cheguei aos 200 metros que faltavam para a conclusão da obra, percebi que foi uma péssima escolha. A futura rua estava cheia de pedras gigantescas, aquelas que vão antes da camada de asfalto. Vagarosamente fui trilhando meu caminho até que tive a infeliz ideia de pensar: "Putz, ou desço da bike ou caio". Mal terminei e o universo já conspirava a favor dos meus pensamentos. Quando percebi estava no chão. Se eu soubesse que o universo estava tão sincronizado comigo, teria me imaginado milionária. A primeira atitude, é claro, foi olhar à minha volta. Havia um pedreiro vindo do trabalho, também ele em sua magrela. Quando eu já estava em pé e ele provavelmente conseguiu encontrar no seu cérebro o comando que segurava o riso, perguntou: "Machucou moça?". "Não, moço. Obrigada", respondi rindo de mim mesma. "Não está fácil andar por aqui mesmo. Essa prefeitura que começa as coisas e não termina...", disse ele, seguindo equilibradamente o seu caminho entre as pedras. Eu limpei o que pude da terra e graxa que ficou na minha roupa, pernas e braços e segui caminho. Não cai de propósito, mas agora que os hematomas já estão surgindo, dedico meu tombo àquele trabalhador. Ele que todos os dias deve chegar em casa cansado, ontem teve uma história engraçada para contar. Deve ter feito a família toda chorar de rir narrando a saga da gordinha vestida de esportista que não passou do chão, embora tenha tentado bravamente.
Quando ainda estava no colégio, eu estava matando educação física com meus amigos, sentada na quadra da escola. De repente, uma senhora gordinha, vestida de cor-de-rosa, que todos os dias passava por ali caminhando, inexplicavelmente, jogou-se de frente no chão. Ela caiu reta, como se não quisesse impedir o que ia acontecer. O único menino da roda gritou: "Madeeeeiiiiirrrraaaaaa". Pobrezinha! Nós brigamos com ele, perguntamos se ela havia se machucado. Ela seguiu o seu caminho envergonhada e quando virou a esquina gargalhamos até o estômago doer.
Quando eu estava na faculdade, eu tinha uma aluna particular de inglês em casa, fora as turmas da escola, que ficava a quatro ou cinco quadras da minha casa. Um dia marcamos uma aula com 20 minutos de intervalo entre a minha última aula na escola e a dela, em minha casa. O tempo era suficiente, mas eu não havia lavado a louça e precisava andar rápido. Escolhi uma rua menos movimentada e que não fazia parte do meu trajeto habitual. Estava com as mãos cheias de livros. Uma calçada linda e sem degraus à minha frente. Três estudantes do outro lado da rua andavam conversando. Até que a calçada linda transformou-se num abismo grande o suficiente para que meu pé entrasse, encaixasse e eu caísse. Serviço de pedreiro preguiçoso! Em vez de colocar um cano e cobrir com cimento para que a água da chuva escorresse para a rua, o sem vergonha moldou a calçada como um cano cortado ao meio --------u---------. Caí como a mulher de cor-de-rosa. Os estudantes riram. Juntei meus livros e prossegui. Minha aluna era arquieteta da prefeitura e ao ver o meu braço esfolado perguntou o que aconteceu. Eu contei a história e ela disse que iria averiguar, que aquilo era perigoso, que a calçada ficava ao lado de uma escola - a escola dos filhos dela. Nunca mais passei por lá para conferir o resultado.
Também já caí na rampa do cinema da faculdade perto dos meus colegas - felizmente foi no quarto ano e já tínhamos histórias mais embaraçosas do que aquele tombo, caso contrário, desistiria do curso pela vergonha. O último desabamento antes da bike foi no Natal. Caí da escada de casa, fiquei com o bumbum tão roxo que não pude usar roupa clara por três semanas. Há um ano, mais ou menos, usando meu novo tamanco de salto anabela e super alto, chique de doer, eu caí ao atravessar a linha do trem que passa pelo centro desta cidade e que me causa arrepios desde então.
Nossa senhora da bicicletinha também falhou comigo quando eu era criança. Fazia pouco tempo que eu tinha ganho minha Ceci, rosa, com cestinha. Eu deveria ter mais ou menos 9 anos. Eu morava numa descida, a última casa da rua. Minha diversão era subir até a esquina oposta, descer pedalando até a metade da rua para ganhar mais velocidade e frear quase em frente ao portão, que estaria aberto e eu entraria correndo, parando pouco antes de bater no carro que estava na garagem. Certa feita, depois de já ter repetido o trajeto umas 10 vezes, ao chegar na divisa da casa da vizinha onde eu freava, o breque falhou. Em vez de segurar firme o guidão, virar a esquina e esperar o embalo acabar, ergui as duas mãos, segurei a cabeça e gritei lindamente desesperada: "Manheeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee". Ela estava lavando roupa, saiu correndo, estava de avental. Meu pai estava na sala. Também correu. quando chegaram, por sorte ou azar, a bicicleta sozinha foi até a cerca e se encaixou. Claro que isso não foi sutilmente. Minha testa também estava grudada na cerca. Fiquei traumatizada e durante o restante da semana não corri na descida. Depois que o freio ganhou minha confiança novamente e que eu já tinha um plano B, perdi as contas de quantas vezes repeti as pedaladas radicais.
Outra vez eu, minha irmã e prima estavamos em casa vendo filmes. Vale salientar que tínhamos entre 18 e 25 anos. Não sei porque, no intervalo entre um filme e outro eu saí correndo atrás da minha irmã. Ela viu um frasco de veneno, pegou, apontou para mim e fez "tchiiiii" com a boca. Eu caí como uma mosca. Dois dias depois que elas pararam de rir, disseram que foi em câmera lenta, coisa bonita de se ver. Até hoje as duas ainda riem sozinhas na cama antes de dormir quando lembram da história.
No ano passado, minha mãe foi descer a escada já mencionada. Mas ela estava com uma enorme bacia com roupas para pendurar no varal. Quando ainda faltavam dois degraus, ela achou que a escada havia terminado e saiu caminhando pelo ar. Largou a roupa ali mesmo, subiu engatinhando, encontrou o telefone e ligou para o meu pai que estava trabalhando. "Caí da escada", disse ela, chorandinho. "Machucou? Se quebrou?", ele perguntou preocupado. "Acho que não", respondeu ela. Enxugou as lágrimas de susto, levantou e foi pendurar a roupa. Hoje em dia só leva roupa para o varal em baldes e com uma mão livre para segurar no corrimão (que sempre esteve ali).
Duvido que alguém tenha lido tudo isso. Um texto muito longo e inútil, que como eu, em breve cairá no esquecimento...
Eu sei que tudo isso nada mais é do que uma provação para medir o tamanho da minha fé. Então, para provar que ela é inabalável, repito: "Minha nossa senhora da bicicletinha, dai-me equilíbrio".
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sexta-feira, 16 de abril de 2010
Chutando o acupunturista
A semana estava corrida, trabalhou muito. Foi à sessão de acupuntura de bicicleta porque com suas pernas cansadas não chegaria a tempo, nem queria gastar com taxi, muito menos enfrentar um ônibus. Sol das 13h50, tinha 10 minutos para chegar, duas grandes subidas pela frente.
O ‘cara’ não respondeu nem retornou. A chefe estava maldosa, os colegas de trabalho insuportáveis, os seios doloridos. Ela sabia que se o mundo parecia todo errado, era mais provável que o problema fosse com ela. Em dois dias o humor melhoraria pois a visita mensal estava para chegar.
Chegou suada. Deitou-se na maca, queria dormir. Pensou em ficar ali, escondida do mundo. Não lembrariam de procurá-la na acupuntura. Cada agulhada foi sentida como uma facada. O terapeuta falava sem parar. Contava histórias de gente que se curou de doenças incuráveis. O tal ponto do rim era sempre o mais dolorido. Era uma agulhada que ia do pé ao próprio órgão em todas as sessões. Todas as agulhas colocadas e o homem continuava falando.
Depois de 20 minutos com as agulhas, chegou a hora do aparelho de choque. Quem já fez acupuntura sabe como é. Um aparelhinho que tem uma corrente tão baixa que geralmente não é sentido. Entretanto, parece que nem sempre ele passa tão desapercebido. Ele foi de ponto em ponto dando a tal descarga elétrica. Quando chegou no ponto do rim, que já estava em 220W, o efeito foi tão forte que ela chutou-lhe no queixo, absolutamente descontrolada. E o descontrolada era no sentido literal, pois com o choque que o objeto causou, a perna simplesmente saiu da maca a toda velocidade, sem qualquer possibilidade de pensamento ou movimento de controle antes.
Pobre terapeuta...
Ainda deve estar com o queixo dolorido. Ela não teve coragem de ligar para ele. Talvez esteja roxo. Talvez com algum dente quebrado. Ele é corajoso. Marcou a sessão da semana seguinte. Talvez seja por vingança. Talvez ela não vá.
PS: Sim, é verdade. Sim, aconteceu comigo. Sim, foi sem querer. Não, na hora eu não ri. Sim, chorei de rir depois.
O ‘cara’ não respondeu nem retornou. A chefe estava maldosa, os colegas de trabalho insuportáveis, os seios doloridos. Ela sabia que se o mundo parecia todo errado, era mais provável que o problema fosse com ela. Em dois dias o humor melhoraria pois a visita mensal estava para chegar.
Chegou suada. Deitou-se na maca, queria dormir. Pensou em ficar ali, escondida do mundo. Não lembrariam de procurá-la na acupuntura. Cada agulhada foi sentida como uma facada. O terapeuta falava sem parar. Contava histórias de gente que se curou de doenças incuráveis. O tal ponto do rim era sempre o mais dolorido. Era uma agulhada que ia do pé ao próprio órgão em todas as sessões. Todas as agulhas colocadas e o homem continuava falando.
Depois de 20 minutos com as agulhas, chegou a hora do aparelho de choque. Quem já fez acupuntura sabe como é. Um aparelhinho que tem uma corrente tão baixa que geralmente não é sentido. Entretanto, parece que nem sempre ele passa tão desapercebido. Ele foi de ponto em ponto dando a tal descarga elétrica. Quando chegou no ponto do rim, que já estava em 220W, o efeito foi tão forte que ela chutou-lhe no queixo, absolutamente descontrolada. E o descontrolada era no sentido literal, pois com o choque que o objeto causou, a perna simplesmente saiu da maca a toda velocidade, sem qualquer possibilidade de pensamento ou movimento de controle antes.
Pobre terapeuta...
Ainda deve estar com o queixo dolorido. Ela não teve coragem de ligar para ele. Talvez esteja roxo. Talvez com algum dente quebrado. Ele é corajoso. Marcou a sessão da semana seguinte. Talvez seja por vingança. Talvez ela não vá.
PS: Sim, é verdade. Sim, aconteceu comigo. Sim, foi sem querer. Não, na hora eu não ri. Sim, chorei de rir depois.
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quarta-feira, 14 de abril de 2010
terça-feira, 13 de abril de 2010
Canta pra mim?
Quero te abraçar, pode se perfumar
Porque eu tô voltando [...]
Faz um cabelo bonito pra eu notar
Que eu só quero mesmo é despentear
Quero te agarrar
Pode se preparar porque eu tô voltando
Põe pra tocar na vitrola aquele som
Estréia uma camisola
Eu tô voltando
Chico Buarque - Tô voltando)
Pedido de Carolina, hoje a de Chico, mas não pelos olhos tristes e sim por estar mais 'Mulher de Atenas' do que contadora de histórias. Inspirada pela semana do http://aceuabertodaboca.blogspot.com
Porque eu tô voltando [...]
Faz um cabelo bonito pra eu notar
Que eu só quero mesmo é despentear
Quero te agarrar
Pode se preparar porque eu tô voltando
Põe pra tocar na vitrola aquele som
Estréia uma camisola
Eu tô voltando
Chico Buarque - Tô voltando)
Pedido de Carolina, hoje a de Chico, mas não pelos olhos tristes e sim por estar mais 'Mulher de Atenas' do que contadora de histórias. Inspirada pela semana do http://aceuabertodaboca.blogspot.com
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quarta-feira, 7 de abril de 2010
Epitáfio V
Não ria porque meu túmulo é um jornal
Muito menos porque escrevi mal
Volto puxar o seu pé
E só vou embora depois do café
Escrever epitáfio é quase arte
Antes um escrito por mim
Do que outro falando qualquer coisa
Da qual eu não faça parte
Não fiz nada de nobre
Até minhas rimas foram pobres
Só peço que agora você não se emocione,
Nem chore
Morrer é a única coisa
Que eu tinha certeza que um dia faria
O que para quem deixou de lado certas noites de folia
É quase uma alegria
Muito menos porque escrevi mal
Volto puxar o seu pé
E só vou embora depois do café
Escrever epitáfio é quase arte
Antes um escrito por mim
Do que outro falando qualquer coisa
Da qual eu não faça parte
Não fiz nada de nobre
Até minhas rimas foram pobres
Só peço que agora você não se emocione,
Nem chore
Morrer é a única coisa
Que eu tinha certeza que um dia faria
O que para quem deixou de lado certas noites de folia
É quase uma alegria
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Epitáfio IV
Viciada em chocolate e café,
Pegou um doce e deu no pé
Vai sobrar no mundo cafeína,
Pois num grande desastre
Morreu a velha Carolina
Pegou um doce e deu no pé
Vai sobrar no mundo cafeína,
Pois num grande desastre
Morreu a velha Carolina
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segunda-feira, 5 de abril de 2010
Amor e coelho da Páscoa, você acredita?
Semana passada ouvi crianças falando sobre o coelho da Páscoa. Com cerca de 7 anos, todos tinham dúvidas sobre a sua existência. Peguei algumas frases soltas:
Pois é, eu não entendo... Se tem coelho, por que vendem ovos no mercado?
Eu não sei, mas acho que os ovos comprados são pra gente grande, sabe? Aquelas que não ganham mais do coelho...
E com quantos anos será que é a gente que tem que comprar?
Minha prima falou que é a mãe que coloca os ovos. Mas eu não sei se eu acredito porque a mãe não deixa eu comer chocolate...
Mas será que o ovo é o coco do coelho?
Hoje eu estava pensando sobre o amor, o 'verdadeiro amor'. E fiquei na mesma situação que as crianças. Será mesmo que ele existe? Tomara que eu e as crianças não cheguemos à mesma conclusão!
Pois é, eu não entendo... Se tem coelho, por que vendem ovos no mercado?
Eu não sei, mas acho que os ovos comprados são pra gente grande, sabe? Aquelas que não ganham mais do coelho...
E com quantos anos será que é a gente que tem que comprar?
Minha prima falou que é a mãe que coloca os ovos. Mas eu não sei se eu acredito porque a mãe não deixa eu comer chocolate...
Mas será que o ovo é o coco do coelho?
Hoje eu estava pensando sobre o amor, o 'verdadeiro amor'. E fiquei na mesma situação que as crianças. Será mesmo que ele existe? Tomara que eu e as crianças não cheguemos à mesma conclusão!
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domingo, 4 de abril de 2010
Afora a flor, não existe amor perfeito
Ela queria falar, mas era preciso estar junto para estravasar. Eles nunca mais se viram. Os hematomas já haviam desaparecido, bem como o perfume, a marca. Ficou a saudade. Um dia ele falou que se ela escrevesse para ele, ao ler ele saberia. Nem sequer tinha certeza de que ainda estava viva em sua vida, de que ele olharia para sua sopa de letrinhas, mas resolveu tentar.
Ouviu a música e pensou que palavras que não lhe pertenciam falavam de sentimentos que faziam parte dela. Nunca gostou de sofrimento. Achou triste ter que admitir que se era assim, tudo bem, partiria para outra. Em alguns momentos é preciso ter coragem e ser mulher para buscar o novo. "O amor é puro sentimentalismo, mas é possível ser racional", pensou.
"Você está me dando um fora?", ele reagiu, depois de dias sem um sinal. "Não. Você me deu um fora. Eu estou apenas aceitando-o", ela respondeu.
Com tristeza ela lhe devolveu o que ele deixara para que ele não tivesse outro motivo para voltar senão ela, senão a sua companhia, senão o seu desejo. Não disse, mas pensou que se um dia ele quiser voltar, abriria a porta com o mesmo sorriso, tentariam de outro jeito, pois, afora a flor, não existe amor perfeito.
Afora a flor
Fiz uma surpresa pra você
Mas acho que você não se agradou
Tentei mais de uma vez e você nem ligou
Será que o nosso fogo apagou?
Fiz um novo penteado e você nem notou
Passou direto
Fiz seu doce predileto
E dele você nem provou
Desanimei parei de tentar
Mas nem assim você me nota
Acho mesmo que você não se importa
Tudo bem
Se é assim que tem que ser meu bem
Parto pra outra não vou me importar
Se de repente a gente se cruzar
Na rua e conversar
Tá feito
E se você quiser quiser tentar
Vamos tentar fazer de outro jeito
Afora a flor
Meu amor ô ô ô
Não existe amor perfeito
Música de Regina Souza e Zeca Baleiro, com autores assim, só poderia ser linda.
Ouviu a música e pensou que palavras que não lhe pertenciam falavam de sentimentos que faziam parte dela. Nunca gostou de sofrimento. Achou triste ter que admitir que se era assim, tudo bem, partiria para outra. Em alguns momentos é preciso ter coragem e ser mulher para buscar o novo. "O amor é puro sentimentalismo, mas é possível ser racional", pensou.
"Você está me dando um fora?", ele reagiu, depois de dias sem um sinal. "Não. Você me deu um fora. Eu estou apenas aceitando-o", ela respondeu.
Com tristeza ela lhe devolveu o que ele deixara para que ele não tivesse outro motivo para voltar senão ela, senão a sua companhia, senão o seu desejo. Não disse, mas pensou que se um dia ele quiser voltar, abriria a porta com o mesmo sorriso, tentariam de outro jeito, pois, afora a flor, não existe amor perfeito.
Afora a flor
Fiz uma surpresa pra você
Mas acho que você não se agradou
Tentei mais de uma vez e você nem ligou
Será que o nosso fogo apagou?
Fiz um novo penteado e você nem notou
Passou direto
Fiz seu doce predileto
E dele você nem provou
Desanimei parei de tentar
Mas nem assim você me nota
Acho mesmo que você não se importa
Tudo bem
Se é assim que tem que ser meu bem
Parto pra outra não vou me importar
Se de repente a gente se cruzar
Na rua e conversar
Tá feito
E se você quiser quiser tentar
Vamos tentar fazer de outro jeito
Afora a flor
Meu amor ô ô ô
Não existe amor perfeito
Música de Regina Souza e Zeca Baleiro, com autores assim, só poderia ser linda.
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Zeca Baleiro
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Classificado e Confissão à Damasius
Procura-se um homem xarope e com mão boa.
Atribuições: curar minha gripe e meu torcicolo.
***********
Confissão à Damasius (à moda de Damasius, com crase... "Confissão em uma linha" e não para Damasius)
Confesso, nesta Páscoa, sou muito mais o coelho do que os chocolates...
Atribuições: curar minha gripe e meu torcicolo.
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Confissão à Damasius (à moda de Damasius, com crase... "Confissão em uma linha" e não para Damasius)
Confesso, nesta Páscoa, sou muito mais o coelho do que os chocolates...
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