Há algum tempo, numa conversa com uma das Mulheres de Athenas (www.mulheresdeathenas.blogspot.com), recordei uma passagem pitoresca da minha vida. Quando tinha 14 ou 15 anos, fui ghost writer de cartas de amor. Eu sempre fiz o gênero romântica encalhada, então, para que as ideias não morressem sem leitores e, quiçá, algum suspiro, eu as vendia.
O preço, você deve estar curioso, às vezes era passagens de ônibus, já que usávamos a condução diariamente. Noutras, um agradinho na hora do lanche, às vezes um bombom, noutras um ioio nut cream (se você é da minha época sabe que estou falando daquele docinho metade chocolate branco, metade chocolate preto. Ele custava 15 centavos na banca do Maneco).
Teve uma vez que fui contratada para escrever uma declaração de amor, mas confundi tudo e terminei o namoro. Minha amiga, que não era das mais santas, pagou do mesmo jeito e encomendou outra, pois sabia que logo terminaria aquele namoro e usaria a obra prima do mesmo jeito. Daí escrevi a correta, dizendo o quanto amava tal rapaz...
E olha que naquela época não havia internet. Eram versos, rimas, textos e ideias próprias, talvez adaptadas de alguma música ou poema que passou pelas minhas mãos.
Meu primeiro trabalho como ghost writer foi um exercício sobre figuras de linguagem, na oitava série. Eu escrevi:
A panela no fogão,
Borbulhando sem parar
É como o meu coração
Que não deixa de te amar
Ele foi lido pela professora como o melhor da sala (o que indica que o nível do concurso não era dos mais altos!). Minha colega ganhou a fama e como vendi a obra, fiquei quietinha no meu canto. O que escrevi para mim, nem lembro mais, mas minha primeira obra vendida eu não esqueço.
Teve outra vez, que ajudei uma amiga a escrever uma carta terminando um namoro. E como se não bastasse, ainda tive que entregar a dita cuja. Coloquei-a nas mãos do pobre rejeitado e ia tomar meu rumo. Então, ele me segurou e pediu para ficar. Ele chorou e me perguntou porquê. Eu não sabia o que responder. Fiquei com a consciência tão pesada que ajudei a uni-los novamente. Hoje estão casados, para alívio da minha alma que iria direto para o inferno se não fosse assim.
Não tenho cópias destas cartas. Uma pena!
Nas minhas apostilas, certamente há vários rascunhos delas. Todos estes livros se perderam depois que eu passei no vestibular e os dei a quem ainda pudesse aproveitar. Quem sabe alguma das minhas cartas ainda circula por aí, mexendo com os corações de adolescentes apaixonados.
Embora eu não possa mais lê-las, de uma coisa eu tenho certeza: eram ridículas! Já disse o poeta, não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.
terça-feira, 9 de junho de 2009
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6 fizeram a Carol feliz...:
iuahiuhaaaa.
carol, carol.
essa vida capitalista te pegou cedo né
é uma mistura de free lancer com aqueles jornalistas que nao podiam assinar suas obras tipo em grds ditaduras.
eu 'só vendia trabalho,
uma vez, na época de dez reais era mto dinheiro, tipos, minha sexta série, eu vendi um por dez reais, pra vc ver a qualidade deles.
Lembro que comprei sozinha uma blusinha sem ajuda materna e garanti uma colea da oitava série no segundo grau.
rs.
Bjos
Olha só que espertas!Capitalizando o talento desde de cedo.
rs muito bem.
e as cartas de amor ridículas?
mas como é bom fazer umas rimas bem melosoas e caprichar na tinta...essa breguisse renova a alma.
admito
renova mesmo
heehehe nao pude deixar d rir
bjos qerida e 1 ap na bux...sabe qem é ne?
Hahaha... só pelo aperto na bux eu sei!
Podemos arriscar a parceria musical! rs
bjs
Caramba, Carol!!! Eu fazia isso também, hahaha!! Nunca cobrei em dinheiro, sempre era um pacote de "Wafer" no recreio ou um sonho de valsa, algo assim, e nunca escrevia de próprio punho. Eu ditava para "o cliente" redigir com a própria letra. Talvez por essas é outras é que minhas amigas começaram a ter namorados muito antes de eu sequer sonhar em como seria o primeiro beijo...
Bjos, flor! Fica com Deus!
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