sexta-feira, 5 de junho de 2009

Romantismo na vida real

Meu pai sempre diz que Romeu e Julieta foram felizes para sempre porque não casaram nem tiveram filhos. E aí eu penso, porque casar? Para ouvir isso depois de alguns anos?

Lembro de Adélia Prado, em entrevista ao programa Sempre um papo, da TV Câmara, edição que assisti ao vivo e em várias reprises, tão grande é o meu encantamento por essa autora. Ela contava a história de como a sua mãe ajudava o seu pai, quando ele chegava da pescaria com muitos quilos de peixe sujos para serem limpos. Ela enxergava no rosto de sua mãe uma alegria - que só era percebida pelos olhos mais sutis, quando via o marido chegando. Sem muita empolgação, sem beijos na chegada, lado a lado na pia, limpavam as escamas e a parte interna do pescado, tirando a ‘barrigada’. Para Adélia, aquilo não era romantismo, mas era amor. O que há de romântico em sujar a cozinha e sentir cheiro de peixe? – perguntava. Nada! – ela mesma respondia. Mas passar a madrugada conversando, ouvindo as histórias da pescaria, contando o que aconteceu no lar e se doando ao trabalho em conjunto, isso é amor.

Adélia me emociona por ser uma pessoa tão bonita!

O lado romântico da minha mãe resume-se a coar o café na hora em que meu pai chega do trabalho. Meu pai não manda flores, mas outro dia acordou nervoso porque sonhou que tinha perdido a ‘véia’. Sim, eles se chamam de ‘véio e véia’, pois minha mãe sempre achou cafona chamar de amor, de meu bem. Ela ri dos casais que fazem isso e eu fico imaginando o quanto os ‘casais meu bem’ riem quando se encontram com o ‘casal de véios’. Se meu pai está dormindo, a mãe assiste TV baixinho, respirando menos para escutar melhor. Se ela dorme, meu pai continua assistindo como se houvesse uma festa em casa. Mas se ela fica doente, fica junto no hospital, alerta a qualquer movimento e nem reclama da conta para pagar.

Agora eu entendo que o para sempre do meu pai quer dizer que não é o tempo todo de alegria, mas alguns momentos que fazem a união valer a pena.

Continuo sem querer casar, mas acho que já compreendo os motivos de quem quer...

3 fizeram a Carol feliz...:

Maris Morgenstern disse...

meus pais tbem nao curtem os apelidos de amor...
chamam-se de "zequinho e zequinha"
acho tanta graça nisso

Daniella Dal'Comune disse...

Legal este post. O amor existe tbem na rotina e nas banalidades do dia-a-dia. Mas eu tbem não penso em casar.
*k.rolzinha, tenho post novo no meu blog..da um confere. se puder, ajuda a divulgar meu blog entre as pessoas bacanas...rs.....beijos

Anônimo disse...

Se não falasse de casamento não seria um blog da Carolina. he he.

Postar um comentário

Fala que eu te escuto!