Eu fiz um gorro de crochê,
pequeno, demorado e, aos meus olhos, lindo.
Ao tecê-lo entendi que um
grande desafio exige paciência e que um trabalho pequeno pode ser um desafio colossal
para uma aprendiz iniciante.
Entendi que a primeira
experiência nem sempre é perfeita e, embora o resultado seja agradável, o percurso
não é totalmente prazeroso.
Errei diversas vezes. Erros
grotescos, erros pequenos, erros por falta de atenção. Alguns deles eu pude
consertar sem maiores consequências, mas entendi também que às vezes é preciso
recomeçar, trocar a agulha, o fio, repensar. Eu quis desistir e me irritei.
Eu mexia o fio
infinitamente para lá e para cá. Passava-o por cima, por baixo, desmanchava os
nós, mas o trabalho não rendia. A cada carreira finalizada, o media, na
esperança de atingir o tamanho ideal. Então, notei que uma carreira sozinha não
faz uma touca, mas o entrelaçamento cuidadoso do fio nos aquece.
Por fim, com o trabalho pronto,
aprendi que há erros que apenas eu, que teci cada ponto daquele gorro, consigo
notar. Outras falhas, somente os mais experientes conseguem identificar.
Eu decidi confeccioná-lo em um dia de muito frio. Ao terminá-lo, o sol brilhava e o calor nos aquecia. Se eu tivesse prestado atenção na lição da fábula da cigarra e da formiga, saberia que é durante o verão que devemos nos preparar para o inverno.
Eu decidi confeccioná-lo em um dia de muito frio. Ao terminá-lo, o sol brilhava e o calor nos aquecia. Se eu tivesse prestado atenção na lição da fábula da cigarra e da formiga, saberia que é durante o verão que devemos nos preparar para o inverno.
Aos olhos da maioria é um
simples gorro. Para mim, um processo, uma aprendizagem, uma conquista. Eu fiz
um gorro de crochê e ao tecê-lo aprendi a viver.