quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Do msn: "Você está preparada para humor ácido e adulto?"

Papos produtivos numa manhã no msn:

- Minha amiga está querendo um amor de verdade. Se dissesse que queria um grande amor sugeriria um São Bernardo.

- Todo amor transforma. Eu acho que todo amor é verdadeiro até acabar.

- Não... O verdadeiro é o tipo de amor que marca, que transforma completamente a vida da pessoa...

- Nossa, essas últimas frases devem ser escritas em livro. Coisa filosófica! Todo amor transforma!

- Daqueles que parece que um tornado passou pela casa. O amor de um São Bernardo transforma de um jeito palpável.

- Todo relacionamento transforma as pessoas, uns mais, outros menos. E quando a gente está envolvido, sempre pensa que o amor é verdadeiro.

- Só o amor constrói... Ah! Vá pra puta que pariu, né?

- Ao meu ver, só o pedreiro constrói.

- Pronto, destrui mais um pilar filosófico da sociedade judáico-cristã ocidental. O amor de um São Bernardo destrói, juro! Aliado a tua tese onde pedreiro também constrói, fechou! Vamos construir uma nova ordem!

- Quebrando paradigmas. Vamos fundar uma nova filosofia de vida. Só não podemos nos afastar de todos os princípios das filosofias atuais. Será preciso manter as contribuições voluntárias para a manutenção da filosofia. Precisamos ser mantidos pela sociedade para continuarmos quebrando paradigmas. Eu diria que fariamos isso de forma muito melhor se estivessemos na praia agora, olhando a grandiosidade do mar e as maravilhas da natureza, comos os corpos sarados na areia.

- Pode apostar.

- Lembrei de um trocadilho muito massa... Beltrano pergunta a Fulano (tem que ser homem, acho) se conhece a Cicrana, ao que ele responde: Ô, e como!

- Huahuahuahuahauahua

- Sutil, né?

- Uma sutileza impressionante, algo comparável a uma passada de elefante.

- Quase um hipopótamo numa loja de cristais. Mas sabia que não é todo mundo que se liga?

- Já disse, nós somos os representantes da população pensante do globo, só não ficamos ricos ainda porque não estamos direcionando o pensamento para a coisa certa

- Uhu! Estou na fatia dos 0,5%. Preferimos falar merda.

- Exatamente. Pensamos no presente e não a longo prazo.

- O que é isso, longo prazo?

- Crediário das Casas Bahia.

- Não, isso é felicidade! 'A minha felicidade é o um crediário das Casas Bahia'. Lembra?

- Sim, sim... Uma calça fiorucci...

- Nossa!

- E o João do Caminhão? Faz tempo que não ouço falar dele... Sabe por onde anda?

- Você está preparada para humor ácido e adulto?

- Mande a bomba.

- Ele vendeu o caminhão e comprou uma zona de beira de estrada. Mas começou a 'ocupar' as meninas. Tá na merda agora. Duas engravidaram. Está pendurado com três trabalhistas. Chega de devaneios por enquanto. Preciso ir, bom almoço.

- Se passar lá pelo João evite parar. Sabe como é, a situação está feia. Bom apetite.

- Estranha essa mistura de bom apetite com a situação do João.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Coisas que a gente ouve, fala, vê e ri, ri muito...

Eu estava dando aula. Era a turma de alunos mais bagunceira que eu tinha, a maioria universitários e adolescentes. Eu estava explicando a moeda americana.
- Nos Estados Unidos as moedas têm nomes. A de 25 centavos é quarter. A de dez centavos é dime. A de cinco é nickel e a de um centavo é pennie.
- Ah teacher, não tem nenhuma aí para mostrar pra nós?
- Olha, eu tenho uma caixa cheia de pennies em casa...
É claro que não consegui terminar a frase. Fiquei vermelha, roxa, verde. E a gozação (puts, outra palavra errada na hora errada!) foi geral.
- Nossa teacher, uma caixa? Uhulll!
- Coitados dos teus ex-namorados!

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Saí com amigas e como mulheres muito bem resolvidas, de salto, vestido, maquiagem e perfume importado, aproveitamos que o barzinho estava vazio, pegamos os tacos, as bolas e nos arriscamos numa partida de sinuca. Na primeira vez que achei o buraco a comemoração tomou conta do ambiente. Um jogo com emoção. Consegui derrubar quatro vezes em uma só partida a bola branca no buraco, tão boa é a minha mira.
Então, surge alguém a observar e eu digo:
“Olha, não é fácil colocar a bola na caçamba!”. “Claro que não... encaçambar a bola é impossível. Mas dá para colocar na caçapa, encaçapar”.
Gargalhadas, muitas gargalhadas, e o jogo seguiu em frente, com comemorações a cada bola encaçambada...

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Fui apresentada a um professor numa universidade, quando fui fazer intercâmbio. Poliglota, inteligentíssimo e apaixonado pelo Brasil. Misturou um pouco de francês e português e a frase soou assim:
- Meu cú está a doer.
Eu nem respondi, tinha só 15 anos e pensei que a vida sexual dele definitivamente não era da minha conta e não era um bom assunto para um primeiro encontro.
Na verdade, ele estava dizendo ‘cou’, ou seja, pescoço.
Às vezes o embromation não dá certo!

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Uma amiga minha estava fazendo intercâmbio e foi fazer uma apresentação na escola. Foi contar que na região onde ela mora há muito reflorestamento de pinus, que a quantidade de árvores em volta da casa dela é enorme. Ela foi enfeitar e disse: “There are many many big ‘pinas’ around my house”. Mal sabia ela que o nome da árvore era pine e que a forma como ela pronunciou acabou transformando a frase em: Há muitos, muitos pintos grandes em volta da minha casa.
A palestra era para adolescentes, colegas de classe. Lógico que todos interpretaram da pior maneira possível.

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Também no intercâmbio, desta vez comigo, na aula de sociologia. Era a professora mais velha da escola, cabelos totalmente brancos, sempre muito formal. Ela estava distribuindo uns papéis e esqueceu de entregar o meu. Então eu levanto a mão e digo, séria, como ela: “Mrs. Bradford, can I have a shit of paper?”. Ela arregalou os olhos e uma amiga minha interferiu. “She meant to say sheet, mam”. Eu pedi a ela uma merda de um papel e não uma folha de papel... Até hoje, em vez de dizer oi, minha amiga me cumprimenta dizendo ‘can I hava a shit of paper?’.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Beata


Passou a vida rezando.
Morreu.
Reencarnou.
Descobriu, então, que o céu não existe e que a terra é o inferno eterno ao qual está condenada.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Building up: juntando os pedaços

Descobriu que mesmo partido o coração não deixa de bater. Então, andou pelas cenas derrubando lembranças, para realocar os pedaços entregues a quem não quis guardá-los, para que eles pudessem voltar e formá-lo por inteiro.
Passou pelas ruas em que caminhavam juntos e deixou cair o aperto do abraço, o gosto do beijo roubado, o som da risada com a história da infância. Um pedacinho reconstruído. Nesta parte ficou ainda um arranhão, que nem vai perceber quem não soube da batida.
No barzinho que frequentavam, pediu outra marca de cerveja, mudou de mesa. Lavou as almofadas para sentir cheiro de amaciante e roupa secada em sol de verão. Trocou as músicas favoritas, conheceu novas bandas, apreciou o silêncio e não viu mais aquele filme. Refez esta parte com dedicação, entretanto, sentiu que ela ficou um pouco mais áspera, mas não menos viva.
Não comprou mais aquele molho e deixou de comer macarrão. Devolveu o livro e foi à biblioteca para escolher um novo assunto. Apagou as olheiras com maquiagem.
Continua a sorrir, embora o brilho do sorriso sincero e alegre ainda não tenha conseguido encontrar. Deve estar perdido em algum cômodo cuja chave ela não tem para entrar. Mas, cedo ou tarde, vai acabar tropeçando nele e voltará a se iluminar. Tampouco encontrou resposta para as perguntas. Então, decretou na sua história um elo perdido e parou de questionar.
Fez das suas lágrimas um passeio numa cachoeira tão linda, que ninguém será capaz de acreditar que tão bela paisagem tenha sido feita pela tristeza.
Um coração partido não é como um novo. Ele hesita em bater mais forte e divide as consequências com alguém que nada teve a ver com isso, mas que aceitou respeitar o seu passado. Um coração partido é reconstruído com os mesmos pedaços antigos, mas, agora tem nuances. Cada pedaço desenvolveu nova textura para sentir menos impacto. Tem diferença nas cores de suas peças, como aquela velha roupa manchada, mas que ainda pode ser usada.
Um coração partido divide a doçura dos sentimentos com o salgado das lágrimas e é preciso ter zelo para que não fique insosso e sem graça. Um coração partido terá sempre medo de ceder o lugar de seus pedaços a novas lembranças, porém sabe que amar é seu dever, que existe para isso, que esta é sua vocação. Sendo assim, mesmo os corações partidos voltarão sempre a amar.