Eu amo os ipês. Talvez porque, assim como eu, eles florescem em setembro. Quando eu nasci, os ipês alegravam o mundo e todos os anos vibram amarelos, fazendo a vida setembrar. Dos muitos privilégios que tive, crescer em um lugar onde os ipês dominam as paisagens, é de longe o mais bonito. Meu coração é saudoso pelas amizades e pelos ipês, ambos por suas sombras acolhedoras e cores que trazem à minha existência.
Eu, tão fraca e insegura, admiro a força e a resiliência destas árvores. Ipês são professores. Os ipês trazem com eles a exuberância da primavera, mostrando ao inverno, que depois dos tempos difíceis, depois de perder suas folhas e expor suas entranhas, é preciso florescer. Ipês são imponentes e suas flores, mesmo caídas, compõem as mais belas paisagens.
Quando vivencio grandes alegrias, minha mente se enternece e exulta, como brilham os meus olhos ao ver um ipê amarelo florido, contrastando com a grama verde e o céu azul. Não há no mundo visão mais singela e poética que a do ipê em flor.
Humana e, portanto, egoísta, sempre sonhei em ter um ipê para chamar de meu. Agora eu tenho. Lindo, ele ostenta suas primeiras flores em minha calçada e me presenteia em meu aniversário. Floresça sempre, meu ipê amarelo, brilhe alegre, seja primavera em pleno inverno para nos lembrar que a vida é linda.